Percival Puggina
Quase meio século depois, revertida decisão de 1973, os Estados norte-americanos podem votar leis restritivas ao “direito” de abortar. Espera-se que pelo menos 24 Estados adotem legislação nesse sentido.
Já em 1973 a questão dividia a opinião pública. De lá para cá, num verdadeiro genocídio, a cada ano, mais de um milhão de fetos foram dispensados como lixo humano nos EUA.
Enquanto isso, aqui no Brasil, uma menina de 11 anos abortou um bebê de 24 semanas, apesar de determinação em contrário da juíza do caso, com base no precipitado atendimento de uma recomendação do Ministério Público Federal.
Aqui como lá, a mídia tutora da opinião pública defende o aborto e reprova a juíza brasileira e os justices da Suprema Corte. Aqui como lá, os defensores do aborto confundem motivos pessoais com razões da razão sem perceber que motivos pessoais podem ser atenuantes ou agravantes de um homicídio, mas não são autorizações para matar. Nem criam para o Estado a obrigação de cometer o ato criminoso conveniente aos motivos da mãe.
Grupos humanos, em condições selvagens e primitivas de vida, têm o hábito cultural de matar seus bebês do sexo feminino ou portadores de anomalias. Veem essas condições como motivos para matar bebês, mas parece difícil encontrar em ambiente civilizado quem se disponha a “militar” em favor da preservação desse “direito”.
“Vivendo e aprendendo”, afirma antigo chavão. Vivendo, a gente aprende o quanto o interesse próprio é determinante de “argumentos” que não se sustentam perante princípios como o do direito à vida, ou à liberdade, ou à propriedade, que sequer seriam contestados em ausência do interesse próprio...
O presidente Biden qualificou a decisão da Suprema Corte como “erro terrível”, o que, por consequência, transforma um amontoado de fetos humanos, depositados em lata de descarte hospitalar, num esplêndido acerto.
Olhe um berçário de maternidade e uma lata dessas e me diga onde há algo muito errado.
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