MIRANDA SÁ
“Pro dia nascer feliz / Essa é a vida que eu quis / O mundo inteiro acordar / E a gente dormir…” (Cazuza)
Uma volta fantástica ao passado, como assistimos no “Meia Noite em Paris”, filme genial do não menos genial Woody Allen, roteirista e diretor, leva-nos a pensar dialeticamente no inverso, uma volta ao futuro…
Otimista, não desejo para mim nem para o Brasil a volta ao passado da corrupção lulopetista, que se mantém nas cabeças dos que se aproveitaram dela, da pelegagem sindical e dos picaretas do Congresso. Amedronta-me ver o presidente Jair Bolsonaro de braço dado com Roberto Jefferson e Waldemar da Costa Neto, e se aliar com o Centrão.
Olhar para trás é virar uma estátua de sal como a mulher de Ló ,que desobedeceu a Jeová e foi castigada, servindo de exemplo para Lucas (17:32): “Não olhes para trás! ”.
O verbete “Volta” dicionarizado, é um substantivo feminino e também as flexões do verbo voltar, a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo e a 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. Vem do latim volvitare, uma alteração de volvere, “ato de fazer rodar”.
Com a condescendência dos deuses de todas as religiões, creio piamente que eles nos permitirão olhar para trás estudando a História da Humanidade… Considero um dever de consciência conhecermos a vida e a obra dos filósofos gregos e chineses da antiguidade, de repassar a vista pela Renascença e de relembrar a Idade das Luzes… Eu até memorizo a minha infância empolgada com os romances de cavalaria, relendo os “Doze Pares de França”…
Nesta época infernal da crise provocada pelo novo coronavírus e a exigência da solidariedade humana, será bom constranger os egoístas desalmados relembrando a história da rainha Maria Antonieta, que ouvindo falar que o povo parisiense passava fome porque não tinha pão, exclamou: -“Pois que comam brioches! ”.
Conforme ensina a minha mulher padeira, o “brioche”, nasceu da confeitaria real do Château de Versailles: um pão doce, fofinho, amanteigado, açucarado, feito de farinha de trigo puríssima e gemas de ovos….
Outro dia, uma das agências de notícias internacionais noticiando sobre a economia dos países que compõem o G-20, informou que o consumo de alimentos deles tem qualidade e quantidade superiores à de todos outros 173 países-membros da ONU.
Entretanto, dos “Gê-vintenos” a gente ouve as maiores exclamações em defesa dos direitos humanos, uma hipocrisia desmentida pelas eternas tentativas de intervenção na soberania dos países em desenvolvimento. Com as críticas deles, chegam ao Brasil as suas Ongs para nos explorar…
O tema “de volta ao passado” consta de inúmeros livros, filmes e peças de teatro. Eu, inspirado por eles, gostaria de me rever meninote, pré-adolescente, testemunhando a chegada da Coca-Cola nas Lojas Americanas, e comer fatias das primeiras pizzas trazidas por um paulista que as fazia na Cinelândia num beco da Rua Álvaro Alvim.
As minhas memórias ancestrais levam-me às viagens de bonde para o Colégio, lendo o “reclame” com versos que diziam ser de Olavo Bilac: “Veja ilustre passageiro, / Que belo tipo faceiro/ O senhor tem ao seu lado…/ Entretanto, acredite, quase morreu de bronquite, / Salvou-o o “Rum Creosotado”…
E rever as séries do rádio, “O Sombra”, “Jerônimo, O herói do Sertão“ “Polícia Montada”, “Buck Rogers”, “Capitão Atlas”, “O Vingador”, e os programas de auditório, César de Alencar, Paulo Gracindo, Manuel Barcelos, “Os Discos Impossíveis”, “Jararaca e Ratinho” e o velho guerreiro Chacrinha…
Vejo-me regressando à formação cultural, nos “Concertos da Juventude” do maestro Eleazar Carvalho, indo às “Terças de Cultura” da Academia Brasileira de Letras, comparecendo aos debates políticos na ABI, assistindo as “Avant Première” do Cinema São Luiz, fazendo pesquisas na Biblioteca Nacional, visitando o Museu Nacional e indo ao teatro, inclusive às revistas do Teatro Recreio que meu pai gostava e nos levava.
Finalmente, deitando o olhar ao passado histórico, fui um menino de nove, dez anos, que acompanhou o cenário da 2ª Guerra Mundial, com meu pai sintonizando no seu rádio Phillips “A Voz da América”, a “BBC de Londres” e a “Rádio Moscou”; e minha mãe escrevendo esquetes para um programa antifascista da Radio Mundial.
Foi naquela época que aprendi a amar a liberdade e lutar contra os regimes ditatoriais que suprimem os direitos humanos, coagindo, reprimindo, torturando e assassinando. Assim, sou uma criação da Democracia e do Liberalismo.
É por isto que venho de volta à realidade abismado em ver o que julgava impossível: o economista “liberal” Paulo Guedes defendendo um novo imposto, a sinistra CPMF, e o Governo Federal escancarando o quadro funcional das agências reguladores para atender os picaretas do Centrão.
Porque vivo o presente, torço para que o Governo Bolsonaro se resolva: Ou faz o que prometeu na campanha ou faz uma meia volta volver e assume que repete a política bolsopetista… Faça-o, para o Brasil acordar e a gente descansar…
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