por Aurélio Schommer
Sujeito, lá no início de 2018, já não gostava muito do PT, porque viu aquela montanha de roubalheira do Petrolão e não lhe chamaram para a festa, podia ter enricado no tempo de Lula/Dilma, não soube se enturmar com os petistas. Aí ele pensa:
- P…, nessa eleição aí esse doido vai ganhar. Vou entrar no partido dele e me dar bem. É só eu xingar a petralhada, gritar “mito, mito” e me elejo deputado federal fácil. Depois, é governo, o doido esquece desse negócio de não ter toma lá, dá cá, e eu arrumo minha vida e a vida da família toda.
Aí ganhou, tomou posse todo feliz, não vendo a hora de botar o burro na sombra. Empregou os amigos no gabinete, todos eles felizes, mas sabe como é, onde tem um amigo feliz sempre tem outro amigo querendo a felicidade também, “bem que o presidente pode me dar umas diretorias de estatal ou fundação no meu estado pra eu arrumar a vida dos amigos todos e depois eles me ajudam na reeleição”. Fora favores públicos para potenciais financiadores gordos de campanha.
O presidente da República pensando: “é do meu partido, tem de dar exemplo”, e nada de chamar o deputado especialista em sentir a direção do vento (acertou na aposta no início de 2018) para distribuir cargos e favores. Aí chega o presidente do partido do deputado (o mesmo do PR) e diz no ouvido: “Não esquenta, não, meu irmão, tô com dois fundões na mão pro ano que vem, o eleitoral e o partidário, é grana pra cacete, quem tá comigo tá com Deus, tu vai se dá bem ficando comigo, f...-se o PR”.
Sujeito pensa: “P… merda, meus votos tudo veio do doido, povo fechado com ele, votaram em mim porque tinha foto minha com o doido, vão querer tirar meu couro, nunca mais votam em mim”. Aí chega o líder da bancada do partido e o tranquiliza: “P… nenhuma, eleição pra Câmara é dinheiro na campanha, que eleitor neste país não vota pra deputado pensando em p… de direita, esquerda, não sabe nem o que é isso. Assina aqui pra mandar o doido tomate cru e a grana é tua, mermão, eu garanto”.
O país, o partido, o deputado, o presidente, a bancada, é tudo imaginário, vá. Mas trairagem é feia, e velha.
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