Concurso da Fazenda exige que candidato conheça opinião do PT
A única resposta correta era elogiosa ao PT, único partido citado na prova.
O PT, como se sabe, é um partido que gosta da democracia como uma forma de se obter o poder, não de exercê-lo. Assim que o poder é obtido, ignora-se que a democracia trata de pesos e sobrepesos (checks and balances) e concentram-se todos os poderes em um Executivo central, mantido por mero carisma.
Nem sempre se entende estas análises, mas saiu na Exame uma das notícias mais assustadoras sobre os descalabros recentes (contando-se apenas os recentes) do PT em seu aparelhamento estatal.
Em um concurso para cargos no Ministério
da Fazenda, o candidato precisava saber a posição do Partido dos
Trabalhadores sobre a sua (dele, não de você) proposta de reforma
política. A legenda foi a única citada na prova
realizada pela Escola Superior de Administração Fazendária (Esaf), órgão
ligado à própria pasta, além de ser, exatamente, a única opção correta:
Segundo o usuário identificado pelo nome @horaciocb no Twitter, que diz ter participado da seleção, as demais alternativas não citavam siglas e eram de cunho genérico, como “o Congresso Nacional está unido em torno do voto distrital puro”.
A resposta correta para a questão era “O
PT, atualmente no comando do Executivo Federal e com forte bancada na
Câmara, defende o financiamento das campanhas eleitorais com recursos
públicos”. Até na resposta, a hegemonia do partido aparecia de maneira
elogiosa.
A reação da oposição chega a arrancar
lágrimas: diz que vai acionar o Ministério Público para verificar se
houve “aparelhamento do Estado”. Só faltou bater no peito e dizer que
vai acionar o próprio Ministério da Fazenda, já arqui-aparelhado pelo
próprio PT. Who watches the Watchmen?
“Estão fazendo aparelhamento desde a seleção”, afirmou o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vai acionar o MP para investigar o caso. Para ele, o concurso deveria ser cancelado.“Estão beneficiando o partido e a presidente com dinheiro público. Em tese, podendo prejudicar alguns concorrentes, que não são obrigados a conhecer o programa do PT”, defendeu o democrata.
Não se trata de perguntar ao Estado se o Estado está sendo aparelhado. É caso de se entender o que é totalitarismo.
A despeito de um discurso hegemônico da esquerda, que chama qualquer
coisa de que discorda de “fascismo” (mesmo aquelas coisas que nem sequer
existem para impedir seu projeto de poder total), nem toda ditadura é “fascista”, uma criação do séc. XX.
Nenhum governante o mais tirânico em
toda a história mundial teve o poder dos regimes totalitários do séc.
XX. Nenhum faraó exigiu que seus escravos gostassem dele, o tratassem
com carinho, seguissem sua religião, o bajulassem como salvador de seus
lombos.
O poder que tinham em mãos Lênin,
Stalin, Hitler, Pol-Pot, Mao, Ceaușescu, Kim Il-sung e demais ditadores
(Mussolini, o criador do fascismo, paradoxalmente, era o que menos levou a sério a idéia de “tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato”) era um poder de massa.
Esse evento novo, a multidão angariada, fez com que o poder surgisse de blocos humanos cheios dirigidos por “líderes” que não se reconhecem como tal. O espaço público cheio, foi o palco das guerras de mortes em escala industrial e da política feita pela planificação de opiniões reivindicatórias.
Se a ameaça da política massificada
parece enterrada, basta pensar nos eventos de 2010, depois da
auto-imolação de Mohamed Bouazizi, evento que desencadeou a primavera
árabe (que colocou no poder ditaduras ainda mais brutais), até os black
blocs nos protestos no Brasil, passando por Espanha, Grécia, Europa, Inglaterra, Chile e, claro, o Occupy Wall Street, de onde os protestos “espontâneos” se inspiraram por aqui.
Este poder é o enxame, o lotado, a incapacidade de discordância até mesmo física. Se o poder, como ensinado por Elias Canetti, é algo cerimonioso, lento, até mesmo paciente, a força direta dele não o é.
Emulando essa distinção, os partidos de
viés totalitário não se contentam com um poder sopesado por outro poder,
como na tríade democrática. O poder tem de ter força direta. É um
projeto apressado. Para isso, força uma falsa identificação tão
grandiosa com “o povo” (de onde todo o poder “emanaria”) que deixa de
ser um partido, e torna-se “O Partido”, a parte do poder que é o próprio
poder, não sendo mais parte do todo, mas o próprio todo. Os “99%”. A hegemonia.
Essa hegemonia é a força direta das
massas exigindo algo sem mediação, sem contrapesos. Como as pessoas
discordam muito umas das outras, as exigências levantadas pelos
organizadores são pouco claras, abstratas. É o “fim da corrupção”, ou
algo genérico e de efeito meramente simbólico, como a saída de Renan
Calheiros do Congresso (um político detestado por 11 em cada 10
estudantes de política). Quem não tem motivo para xingar?
A hegemonia é total, brutal, exige não
apenas que se haja como O Grande Partido manda (mesmo em suposta
roupagem “não partidária”, como até uma prova de concurso), mas que nem em consciência
se traia O Partido – basta conhecer as confissões públicas seguidas de
expurgos quando se trai O Partido nos regimes totalitários.
É por isso que até para um reles
concurso no Ministério da Fazenda passa-se a exigir conhecer a cartilha
d’O Partido, o que O Partido defende, colocando em posição subalterna ao
poderio estatal quem não deposita sua fé no que O Partido exige.
Assim como na saúde estão criando uma
distinção entre brasileiros, aqueles que merecem ser atendidos por bons
médicos e aqueles que fiquem com o médico mequetrefe, até para cargos
mais técnicos e menos “conscienciosos” já se planeja transformar todos
os órgãos do poder em cabedais da hegemonia. Quem não faz parte da
hegemonia, quem não tem a consciência petista, está fora.
É assim que se constituiu o poder total
dos três grandes totalitarismos: o nazismo, o comunismo e as teocracias
islâmicas (não todas). Apenas foram mais apressadas do que o PT. Em que
ritmo caminha a dominância brutal do Estado pelo Partido que deixa de
ser uma parte para ser tudo?
VEJA BEM COMO FOI A QUESTÃO DA PROVA
34- Tema recorrente na história do Estado brasileiro, a reforma
política ganha destaque no complexo cenário surgido das
manifestações de rua que explodiram pelo Brasil afora em
junho de 2013. Entre os pontos colocados em debate está
a proposta de mudança do sistema eleitoral hoje vigente
no país. Relativamente a esse tópico, assinale a opção
correta.
a) Há consenso entre os membros do Congresso
Nacional acerca da adoção do sistema distrital puro,
em que cada deputado é eleito por um distrito pelo
voto proporcional.
b) O Partido dos Trabalhadores (PT), atualmente no
comando do Executivo Federal e com forte bancada
na Câmara dos Deputados, defende o fi nanciamento
das campanhas eleitorais com recursos públicos.
c) O voto em lista fechada, em que o eleitor não
escolhe candidato a deputado específi co do partido,
foi unanimemente rechaçado pelos partidos com
representação no Congresso Nacional.
d) O fi m das coligações para eleições proporcionais
é tese defendida, sobretudo, por partidos políticos
médios e pequenos, que regularmente dispõem de
candidatos “puxadores de voto”.
e) O fi m da suplência no Senado Federal, bem como a
proibição da presença de parentes entre os suplentes,
foi decisão assumida consensualmente pelas
lideranças partidárias da Câmara Alta.
política ganha destaque no complexo cenário surgido das
manifestações de rua que explodiram pelo Brasil afora em
junho de 2013. Entre os pontos colocados em debate está
a proposta de mudança do sistema eleitoral hoje vigente
no país. Relativamente a esse tópico, assinale a opção
correta.
a) Há consenso entre os membros do Congresso
Nacional acerca da adoção do sistema distrital puro,
em que cada deputado é eleito por um distrito pelo
voto proporcional.
b) O Partido dos Trabalhadores (PT), atualmente no
comando do Executivo Federal e com forte bancada
na Câmara dos Deputados, defende o fi nanciamento
das campanhas eleitorais com recursos públicos.
c) O voto em lista fechada, em que o eleitor não
escolhe candidato a deputado específi co do partido,
foi unanimemente rechaçado pelos partidos com
representação no Congresso Nacional.
d) O fi m das coligações para eleições proporcionais
é tese defendida, sobretudo, por partidos políticos
médios e pequenos, que regularmente dispõem de
candidatos “puxadores de voto”.
e) O fi m da suplência no Senado Federal, bem como a
proibição da presença de parentes entre os suplentes,
foi decisão assumida consensualmente pelas
lideranças partidárias da Câmara Alta.
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