Julie encaminhou ao governo esta carta que era mais um dramático apelo à comunidade internacional para a realidade do regime escravagista chinês encravado na “reeducação através do trabalho”. A reportagem é do influente “The New York Times”.
Na realidade, a carta provinha de uma das tantas colônias penais onde não se sabe quantos críticos do governo, religiosos, simples cidadãos “caçados” para completar o número de trabalhadores e pequenos criminosos podem passar quatro anos sem julgamento segundo a lei. A galáxia do horror.
Fato
singular: Zhang, 47 anos, ex-detento de Masanjia, confessou
recentemente ser o autor da carta. Reconheceu que essa foi uma das mais
de 20 cartas que na fábrica-prisão onde se achava confinado ele colocou
em produtos destinados ao Ocidente.
Muitos
ex-detentos que como Zhang conseguiram sair do universo carcerário
socialista chinês descreveram um quadro de abusos estarrecedores,
espancamentos frequentes e privação de sono de prisioneiros acorrentados
semanas a fio em posições doloridas.
A morte de colegas por suicídio ou doenças fazia parte do pão quotidiano.
A morte de colegas por suicídio ou doenças fazia parte do pão quotidiano.
“Às
vezes os guardas puxavam-me pelos cabelos, colavam na minha pele barras
ligadas à eletricidade, até que o cheiro de carne queimada enchia a
sala”, disse Chen Shenchun, 55, que passou dois anos num desses campos.
A maioria dos escravos-operários de Masanjia foi presa por causa de sua crença. Mas o regime os mistura com prostitutas, drogados e ativistas políticos. As violências se concentram naqueles que se recusam a renegar sua fé.
Os
chefes do campo de concentração não atendem pedidos de entrevista.
Também os guardas temem abrir a boca. Um deles respondeu segundo a
cartilha oficial: “Não há prisioneiros aqui. São todos estudantes.”
Tampouco quiseram dar entrevista os executivos da Sears Holdings, dona da loja Kmart que vendeu o pacote com a carta. Afinal de contas, ficam parecendo escoadouros de um negócio sinistro.
Um porta-voz da empresa declarou que a investigação interna realizada após a descoberta da carta nada teria encontrado no sentido do uso de trabalho escravo nos produtos que vende. A falta de transparência informativa da empresa ficou pior quando o referido porta-voz se recusou a dar o nome da fábrica chinesa envolvida no caso.
Zhang estava proibido de ter canetas e papéis, mas surrupiou-os num escritório enquanto fazia limpeza.
Tampouco quiseram dar entrevista os executivos da Sears Holdings, dona da loja Kmart que vendeu o pacote com a carta. Afinal de contas, ficam parecendo escoadouros de um negócio sinistro.
Um porta-voz da empresa declarou que a investigação interna realizada após a descoberta da carta nada teria encontrado no sentido do uso de trabalho escravo nos produtos que vende. A falta de transparência informativa da empresa ficou pior quando o referido porta-voz se recusou a dar o nome da fábrica chinesa envolvida no caso.
Zhang estava proibido de ter canetas e papéis, mas surrupiou-os num escritório enquanto fazia limpeza.
Ele
redigia enquanto seus colegas de cela dormiam, e escondia as cartas
dentro das barras de ferro do beliche até começar a embalagem dos
produtos destinados ao Ocidente.
Julie
conta: “Quando abri a caixa e minha filha encontrou a carta, duvidei
que fosse verdade. Mas então pesquisei no Google ‘Masharjia’ e vi que
esse não era um lugar legal” – declarou.
Ela repassou a carta a um órgão governamental americano. A matéria é explosiva e a administração Obama adota uma atitude de subserviência diante das práticas inumanas chinesas.
No fim, um porta-voz do governo defendeu que casos complicados como esse levam muito tempo para serem averiguados.
Ou seja, é para nunca serem esclarecidos e nenhuma decisão proporcionada ser adotada.
Como no caso de Zhang...
Da próxima vez que o leitor for comprar algum produto chinês, pense na tragédia que pode estar levando para casa.
Luis Dufaur, escritor, edita o blog Pesadelo Chinês.
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