‘Maduro luta para se manter à tona’, editorial do Globo
Publicado no Globo
Hugo Chávez tinha o dom de “resolver” problemas com pronunciamentos de oratória extensa e retumbante em rede nacional de TV. Já o presidente Nicolás Maduro, seu sucessor, está longe de poder fazê-lo. A este restaria disciplina, persistência e pragmatismo para trabalhar duro e tentar começar a tirar a Venezuela do buraco em que Chávez a deixou.
Maduro precisa da técnica de malabarista chinês para manter todos os pratos no ar. O mais pesado é o da economia. A inflação anual de 42,6% é uma das mais elevadas do mundo; o déficit orçamentário de 12% do PIB em 2012 é maior que em Grécia e Espanha; a escassez de produtos obrigou o país a importar, em maio, 50 milhões de rolos de papel higiênico.
Segundo The Wall Street Journal, as importações da Venezuela quadruplicaram desde que Chávez chegou ao poder: de US$ 14,5 bilhões em 1999 para US$ 59,3 bilhões em 2012. Não é sinal de pujança, mas da debacle da produção interna. Há informações de que Maduro tem se aproximado cuidadosamente do combalido setor privado, num movimento que visa a recuperar a produção interna e aumentar a eficiência do Estado, tornado paquidérmico por Chávez.
Outro prato no ar é o fogo amigo. Quem ousaria desafiar Chávez? Já Maduro…Desde a morte do ditador, o presidente divide a cena com Diosdado Cabello, dirigente da Assembleia Nacional, chefe do partido oficial PSUV e com muitas conexões chavismo adentro, principalmente nos meios militares. E há os ideólogos radicais do PSUV, para os quais o presidente, em sua desesperada busca de soluções, pode comprometer a revolução bolivariana e o legado do caudilho.
Talvez por isso, Maduro esteja mais realista que o rei, ou melhor, que Chávez, quando bate na oposição e na imprensa. O Judiciário “bolivariano” multou o líder oposicionista Henrique Capriles por ter posto em dúvida o resultado das eleições de outubro de 2012, ganha por Chávez por margem mínima. E o governo vendeu a empresários amigos a rede de TV Globovisión e a Cadena Capriles, que edita o jornal de maior circulação, Últimas Noticias. Ambos deixaram de noticiar os discursos de Capriles.
Maduro percebeu que precisa de uma bandeira. Decidiu iniciar uma cruzada contra a corrupção, amplamente incrustada no próprio chavismo e setores aliados, e uma das causas de maior irritação popular — outra é a criminalidade. Para isto, resolveu pedir à Assembleia Nacional os superpoderes presidenciais que Chávez tinha. Não se sabe se as correntes chavistas, Cabello à frente, concordarão.
As eleições de dezembro para 335 prefeituras servirão de teste para Maduro. Além disso, Chávez criou um referendo, no terceiro ano do mandato presidencial, pelo qual o povo pode destituir o mandatário, se ele não agradar. Maduro tenta sobreviver.
Hugo Chávez tinha o dom de “resolver” problemas com pronunciamentos de oratória extensa e retumbante em rede nacional de TV. Já o presidente Nicolás Maduro, seu sucessor, está longe de poder fazê-lo. A este restaria disciplina, persistência e pragmatismo para trabalhar duro e tentar começar a tirar a Venezuela do buraco em que Chávez a deixou.
Maduro precisa da técnica de malabarista chinês para manter todos os pratos no ar. O mais pesado é o da economia. A inflação anual de 42,6% é uma das mais elevadas do mundo; o déficit orçamentário de 12% do PIB em 2012 é maior que em Grécia e Espanha; a escassez de produtos obrigou o país a importar, em maio, 50 milhões de rolos de papel higiênico.
Segundo The Wall Street Journal, as importações da Venezuela quadruplicaram desde que Chávez chegou ao poder: de US$ 14,5 bilhões em 1999 para US$ 59,3 bilhões em 2012. Não é sinal de pujança, mas da debacle da produção interna. Há informações de que Maduro tem se aproximado cuidadosamente do combalido setor privado, num movimento que visa a recuperar a produção interna e aumentar a eficiência do Estado, tornado paquidérmico por Chávez.
Outro prato no ar é o fogo amigo. Quem ousaria desafiar Chávez? Já Maduro…Desde a morte do ditador, o presidente divide a cena com Diosdado Cabello, dirigente da Assembleia Nacional, chefe do partido oficial PSUV e com muitas conexões chavismo adentro, principalmente nos meios militares. E há os ideólogos radicais do PSUV, para os quais o presidente, em sua desesperada busca de soluções, pode comprometer a revolução bolivariana e o legado do caudilho.
Talvez por isso, Maduro esteja mais realista que o rei, ou melhor, que Chávez, quando bate na oposição e na imprensa. O Judiciário “bolivariano” multou o líder oposicionista Henrique Capriles por ter posto em dúvida o resultado das eleições de outubro de 2012, ganha por Chávez por margem mínima. E o governo vendeu a empresários amigos a rede de TV Globovisión e a Cadena Capriles, que edita o jornal de maior circulação, Últimas Noticias. Ambos deixaram de noticiar os discursos de Capriles.
Maduro percebeu que precisa de uma bandeira. Decidiu iniciar uma cruzada contra a corrupção, amplamente incrustada no próprio chavismo e setores aliados, e uma das causas de maior irritação popular — outra é a criminalidade. Para isto, resolveu pedir à Assembleia Nacional os superpoderes presidenciais que Chávez tinha. Não se sabe se as correntes chavistas, Cabello à frente, concordarão.
As eleições de dezembro para 335 prefeituras servirão de teste para Maduro. Além disso, Chávez criou um referendo, no terceiro ano do mandato presidencial, pelo qual o povo pode destituir o mandatário, se ele não agradar. Maduro tenta sobreviver.
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