DIRETO AO PONTO - AUGUSTO NUNES. - RECEBI POR E-MAIL E REPASSO NA INTEGRA, MERECE NÃO SÓ A LEITURA COMO O COMPARTILHAMENTO.
Os elogios de Lula e Dilma ao companheiro corrupto explicam por que Osasco ficou fora da turnê do palanque ambulante
O PT de Belo Horizonte esperava juntar 50 mil pessoas no primeiro
comício estrelado por Lula na temporada eleitoral de 2012. Apareceram
menos de 5 mil ─ e o início da turnê do palanque ambulante foi um
fiasco. Para recuperar a autoconfiança abalada pelo fracasso de público,
o orador deveria programar com urgência uma escala em Osasco. Além dos
devotos sempre prontos para aplaudir a palavra do mestre, a discurseira
seria certamente engrossada por milhares de curiosos.
Todos estariam interessados em saber o que tem a dizer o
ex-presidente sobre o que disse de João Paulo Cunha no comício promovido
em 20 de agosto de 2010, durante a campanha presidencial. A voz é de
antigamente, Lula parece muitos anos mais novo que a versão atual. Mas o
vídeo de 1min13 foi gravado há apenas 24 meses pelo comitê eleitoral do
candidato a deputado, que pedia votos pendurado no slogan debochado: “É
Lula. É de confiança”.
A louvação do amigo mensaleiro começa no meio do palavrório no
palanque: “Tem um cumpanhero que todas veiz que a gente pudé ajudá-lo a
gente tem que ajudá, que é o cumpanhero João Paulo Cunha, que é aqui de
Osasco”. Logo atrás do chefe, Dilma Rousseff sorri. À direita do chefe,
Marta Suplicy sorri e bate palmas. À esquerda do chefe, Netinho de Paula
sorri com a expressão triunfante de quem nem desconfia que está prestes
a naufragar nas urnas.
João Paulo chega do fundo do palco, consegue um espaço entre o chefe e
Marta. Sorri enquanto Lula retoma a lengalenga: “Por tudo o que ele
sofreu nesse período… “. A gravação é interrompida antes que o animador
de comício berre que o mensalão não existiu, e que é preciso reparar com
votos as dores impostas a um inocente pelos inventores da farsa
concebida para derrubar o governo do operário que construiu o Brasil
Maravilha.
Na cena seguinte o artista principal reaparece depois de encerrado o
comício, suando ao pé do palanque. “Eu acho que o João Paulo precisa ser
eleito”, vai em frente. “Deve ser eleito com uma grande votação, porque
o João Paulo é um extraordinário cumpanhero, um extraordinário
deputado”. Olha diretamente para a câmera e conclui: “Portanto, vote em
João Paulo para deputado federal”.
Corte. Close em Dilma Rousseff, pronta para mostrar que sabe falar e
andar ao mesmo tempo. “João Paulo, toda sorte do mundo para ti”,
capricha o neurônio solitário na segunda pessoa. Engata uma terceira e
vai em frente: “Você merece, você é um guerreiro. Sorte. E tenho certeza
que cê será um grande deputado”. O Supremo Tribunal Federal discorda,
saberiam dois anos mais tarde o padrinho e a afilhada.
Depois de descobrir que o extraordinário deputado de Lula é um caso
de polícia, os juízes do processo do mensalão resolveram o guerreiro de
Dilma vai batalhar no presídio. O ex-presidente solidarizou-se por
telefone com o companheiro corrupto, peculatário e lavador de dinheiro
sujo. A sucessora, nem isso. Pelo palavrório eternizado no vídeo, ambos
estão obrigados a visitar João Paulo Cunha na cadeia. Pelo menos um
domingo por mês.
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