Senador petista ataca STF e reclama de “ministros nomeados por nosso governo que votam contra”. Ele ainda não entendeu o que é uma República
Os
irmãos Viana, do Acre, o Tião e o Jorge, foram hábeis em cultivar a
fama de petistas modernos, moderados, diferenciados, essas coisas. Não
por acaso, faz parte de seu grupo no estado a ex-senadora Marina Silva,
que hoje se dedica à “nova política”, seja lá o que isso significa —
novo ingrediente da floresta para creme antirrugas? Talvez. Mas,
evidentemente, os irmãos Viana têm a sua natureza, não é.
Quando
VEJA trouxe à luz as conversas que Marcos Valério anda tendo por aí,
segundo as quais Lula era o verdadeiro chefe do mensalão, Jorge decidiu
protestar. Ontem, voltou à tribuna para afirmar que “setores da mídia” —
sempre ela!!! — usam o julgamento no STF para “sabotar o PT”.
Huuummm… Jorge decidiu ensinar a imprensa a fazer o seu ofício. Leiam:
“Cobrar, exigir dos que ocupam cargos públicos, eu acho que é uma das funções mais nobres da imprensa. E isso é feito diariamente. Mas daí a querer conduzir a opinião pública, a explicitar, na véspera de uma eleição, uma intolerância com uma figura como a do presidente Lula, aí isso é sabotagem”.
“Cobrar, exigir dos que ocupam cargos públicos, eu acho que é uma das funções mais nobres da imprensa. E isso é feito diariamente. Mas daí a querer conduzir a opinião pública, a explicitar, na véspera de uma eleição, uma intolerância com uma figura como a do presidente Lula, aí isso é sabotagem”.
A que ele
está se referindo? Certamente à reportagem da VEJA da semana passada. Os
petistas acham que tanto o STF como a imprensa não podem exercer seu
ofício em ano eleitoral caso eles achem que isso prejudica o seu
partido. Assim, a melhor maneira que o STF teria de servir à democracia
seria servindo ao PT, não julgando. E a melhor maneira que a imprensa
teria de servir à democracia seria servindo ao PT, não noticiando.
No momento mais revelador da sua fala, afirmou:
“Só não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo, e eles chegarem lá e votarem contra por pressão da imprensa”.
“Só não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo, e eles chegarem lá e votarem contra por pressão da imprensa”.
Não é fabuloso?
Não foi a Presidência da República que
indicou ministros, aprovados pelo Senado. Nada disso! Foi “o nosso
(deles) governo”. E, como ele deixa claro, os petistas os nomearam para
que votassem “a favor”. Como qualquer totalitário vulgar, Jorge não acredita que um ministro possa estar sinceramente convencido de seu voto.
Ele
reclamou ainda do “endeusamento dos ministros do Supremo” e os acusou de
querer virar políticos. Jorge Viana, como a gente vê, segue sendo
monoteísta. Afinal, pode haver um único Deus: Lula!
Fico tão
feliz de jamais ter caído na conversa de gente como esse senador… Sempre
me pareceu do tipo que finge largueza de espírito para que possa ser
tacanho sem temer por sua reputação. Eis aí!
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