O Foro de São Paulo é hoje o condutor da política externa brasileira.
As elites militares brasileiras sempre tiveram papel preponderante na política nacional. Direta ou indiretamente se envolveram com todos os grandes acontecimentos de nossa história, desde as guerras de libertação, a Proclamação da República e o próprio assim chamado regime militar. Durante governos civis, movimentos militares não foram raros, quase ao ponto da sedição.
Ocorre
que nos últimos dez anos de governo do PT os militares emudeceram e têm
guardado um silêncio cúmplice com as ações do partido governante. Como
explicar? Toda a gente achava que havia um abismo entre a elite militar e
os socialistas do PT. Será?
Os
militares nunca gostaram do Partido Comunista – o Partidão – porque
este sempre se colocou a serviço de governos estrangeiros. Essa
subserviência desagradava não apenas aos militares, mas a toda elite
nacional. É inadmissível para dirigentes brasileiros a hipótese de
governantes estrangeiros imperarem por aqui. Mas eles jamais foram
liberais e sempre desposaram as ideias que colocam o Estado como fonte
do desenvolvimento e como expressão do poder nacional. Basta ver que,
embora não apoiassem a revolução de Getúlio Vargas, a ele deram todo
apoio para que instalasse um longa e dura ditadura.
A
inovação do PT é que ele fundou o Foro de São Paulo, que outra coisa
não é que não a tentativa de fazer do Brasil a sede do movimento
revolucionário latino-americano. Será talvez, o Foro de São Paulo, a
manifestação imperialista ‘brasileira’ mais explícita da história. E, ao
fazê-lo, o PT seduziu os militares, pois outra coisa não pensa nossa
elite castrense, que não a ideia de que a América do Sul é o território
de sua ascendência. A prova histórica disso foi a visita
que João Figueiredo fez a Ronald Reagan para comunicar que o Brasil não
toleraria o desembarque de tropas inglesas no solo continental, por
ocasião da Guerra das Malvinas, e mais: que o Brasil entraria na guerra
tão logo isso acontecesse, para expulsar os invasores.
O
Foro de São Paulo é hoje o condutor da política externa brasileira,
Sul-Sul, que busca dar plena autonomia à diplomacia, especialmente
diante das posições dos Estados Unidos. Bem sabemos que os militares
sempre tiveram suas suspeitas e má vontade para com a grande nação do Norte. Por muito pouco Geisel rompeu um histórico tratado militar nos seus tempos de governante.
A
diferença fundamental entre o PC histórico e o PT é essa, que este
último pretende implantar seu reino imperial por aqui, tornando Brasília
a capital do novo Estado soviético renascido. Isso bastou para que a
elite castrense não apenas aceitasse sem ruídos o novo governo, mas
viesse a apoiá-lo em suas empreitadas diplomáticas: Haiti, Zelaya,
FARC, Equador, Paraguai. Onde o Brasil teve que atuar ou ceder para
fortalecer o parceiro tudo foi feito, sob o silêncio cúmplice dos
militares.
É
isso que explica a relativa calma dos quartéis na última década. O PT
deu aos militares a plataforma imperialista com que tanto sonharam.
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