*República bananeira – Lulão pressionou para tirar
nome de Lulinha de relatório da CPI do Mensalão
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Por Andreza Matais e Rubens Valente,
Texto guardado em sigilo há mais de seis anos revela alterações no
relatório final da CPI dos Correios, que investigou o mensalão, para omitir
menções ao filho mais velho do ex-presidente Lula. O documento, ao qual a
Folha teve acesso, foi redigido pela equipe do deputado ACM Neto (DEM-BA),
sub-relator da CPI dos Correios para o tema fundos de pensão. ACM Neto
confirmou à Folha que se trata do texto original. Do texto enviado ao
relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), foram suprimidas menções a Fábio Luís, o
Lulinha, e ao fato de a empresa investigada Gamecorp pertencer a
ele. Serraglio tinha poderes para alterar o texto do sub-relator. Chama
atenção que só tenham sido suprimidos trechos que citavam Lulinha ou eram
críticos a ele e a Lula.
Fábio Luís foi investigado porque a Telemar (atual Oi) investiu R$ 5
milhões na Gamecorp em 2005, um ano após ter sido criada por Lulinha, com
capital de R$ 10 mil. Dois fundos de pensão investigados pela CPI tinham
participação na Telemar, que recebera aporte do BNDES.
Foram suprimidos trechos como “por envolver, naturalmente, como
beneficiário, o filho do presidente da República”. Ficou de fora um
parágrafo inteiro que criticava o Ministério da Fazenda e juntas comerciais
de diversos Estados que não responderam aos pedidos da CPI por informações
sobre a Gamecorp. A Fazenda, segundo o texto de ACM Neto, respondeu que
repassar essas informações “poria em risco os interesses legítimos da
empresa”.
O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse à Folha que
conversou com Lula diversas vezes e que houve pressão “de todos os lados”,
mas silenciou sobre a origem da ordem para retirar o nome de Lulinha. Serraglio
confirma as pressões do Planalto. “Essas informações chegavam para gente,
‘ou vocês retiram ou nós vamos criar dificuldades para aprovar’”, disse.
“Tinham pessoas mais próximas [do Planalto] que acompanhavam, o Carlos
Abicalil (PT-MT), o Jorge Bittar (PT-RJ), era a tropa da frente.”
Para Delcídio e Serraglio, se o nome de Lulinha tivesse sido mantido, o
relatório não teria sido aprovado. Mencionar Lulinha seria o mesmo que
citar o presidente. A CPI não quebrou o sigilo da Gamecorp.
(…)
Por Reinaldo Azevedo *
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