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Falta alguém em Nuremberg. Ou melhor: falta alguém no julgamento que será iniciado no próximo dia 2 de agosto, no Supremo Tribunal Federal. E este alguém é o ex-presidente Lula.
A tese é do jornalista
Ricardo Noblat, que, nesta segunda-feira, publicou uma coluna intitulada
“Falta alguém”, que vai dar o que falar. Noblat repercute matéria da revista
Veja deste fim de semana, que relata uma suposta ameaça de Marcos Valério de
Souza, pivô do escândalo, dirigida ao ex-presidente Lula.
Segundo o texto, assinado
por Rodrigo Rangel na revista, Valério estaria cogitando revelar os encontros
que teve com o ex-presidente – coisa que Lula sempre negou. Ainda de acordo
com a reportagem, o personagem escalado para conter o chantagista seria Paulo
Okamotto, ex-presidente do Sebrae e homem de confiança de Lula.
Eis, abaixo, a tese de
Noblat: (ver
a íntegra abaixo desta mensagem)
“Ponham-se no lugar do ex-publicitário mineiro. Era rico,
riquíssimo, antes de se meter com o PT de Delúbio Soares, Genoíno e José
Dirceu. Tinhas duas agências de propaganda. E inventara uma forma de lavar
dinheiro por meio de bancos para engordar o caixa 2 de políticos às vésperas
de eleições. Eduardo Azeredo, do PSDB, foi um deles.
Procurado para fazer pelo PT o que fizera por Azeredo,
imaginou ter tirado a sorte grande (...) De repente todas as portas se
abriram para Valério (...) Teria dado certo – não fosse o gesto tresloucado
de Roberto Jefferson, presidente do PTB, que por pouco não pôs o governo a
pique. Em um sábado de junho de 2005, depois de tomar uns goles a mais na
Granja do Torto, Lula falou em renunciar ao mandato. Ficara sabendo que
Valério admitira envolvê-lo no escândalo.
José Dirceu, então chefe da Casa Civil da presidência da
República, foi chamado às pressas em São Paulo para dar um jeito em Valério,
deu sem fazer barulho. Naquele dia, postei em meu blog que Lula falara em
renúncia – embora eu não soubesse por quê.”
Noblat relata ainda que,
em 2006, Valério usou um outro interlocutor para chegar ao ex-presidente e
reclamar que teria quebrado, estava endividado e com os bens bloqueados. E
para dizer que, se não houvesse acordo, faria delação premiada.
O jornalista descreve até
a cena do encontro. Do terceiro andar do Palácio do Planalto, Lula vira-se
para uma das janelas, observa o movimento e pergunta ao interlocutor: “Você
falou sobre isso com Okamotto?”. Estava, assim, nomeado, segundo Noblat, o
interlocutor que iria acalmar Marcos Valério durante esses anos todos.
Por isso mesmo, segundo o
colunista do Globo, “falta alguém em Nuremberg”. No mensalão, de acordo
com Noblat, “desviou-se dinheiro público – e não foi pouco”. “Pagou-se para
que deputados votassem com o governo. Comprou-se o apoio de partidos”,
afirma.
E ele conclui seu texto
afirmando que nada será capaz de reparar o mal produzido pelos que chegaram
ao poder travestidos de legítimos hierarcas da decência.
Noblat quer Lula no
mensalão.
“Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida.
Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um”. (Mário Quintana)
Falta alguém no banco dos réus do mensalão
Marcos Valério, um dos cérebros do
mensalão, voltou a ameaçar Lula, segundo a VEJA desta semana.
Em pânico com a possibilidade de vir a ser
condenado pelo Supremo Tribunal Federal, que começará a julgar no próximo dia
dois os 38 réus do mensalão, Valério se disse disposto a contar que esteve com
Lula várias vezes, o que Lula sempre negou.
Foi Paulo Okamoto, uma espécie de diligente
tesoureiro informal da família Lula, que de novo dobrou Valério. Naturalmente,
Okamoto nega que Valério tenha feito qualquer ameaça a Lula. Ou dito que antes
do estouro do escândalo do mensalão estivera com ele na Granja do Torto, uma
das residências oficiais do presidente da República.
"[Valério] queria me encontrar porque
às vezes quer saber das coisas. Em geral, ele quer saber como está a política,
preocupado com algumas coisas", justificou Okamoto. Foi claro? Adiante.
Coube também ao advogado Luiz Eduardo
Greenhalgh, outra peça importante da engrenagem do PT, agir para sossegar o
espírito atribulado de Valério.
Ponham-se no lugar do ex-publicitário
mineiro. Era rico, riquíssimo antes de se meter com o PT de Delúbio Soares,
Genoino e José Dirceu. Tinha duas agências de propaganda. E inventara uma forma
de lavar dinheiro por meio de bancos para engordar o caixa 2 de políticos às
vésperas de eleições. Eduardo Azeredo, do PSDB, foi um deles.
Procurado para fazer pelo PT o que fizera
por Azeredo, imaginou ter tirado a sorte grande.O governo Lula estava nos seus
meses iniciais. E a turma à frente do partido em busca do tempo perdido.
De repente, todas as portas se abriram para
Valério. E ele passou a "fartar os olhos" admirando o dinheiro que
entupia as suas burras.
Teria dado certo - não fosse o tresloucado
gesto de Roberto Jefferson, presidente do PTB, que por pouco não pôs o governo
a pique.
Em um sábado de junho de 2005, depois de
tomar uns goles a mais na Granja do Torto, Lula falou em renunciar ao mandato.
Ficara sabendo que Valério admitira envolvê-lo no escândalo.
José Dirceu, então chefe da Casa Civil da
presidência da República, foi chamado às pressas em São Paulo. Escalado para
dar um jeito em Valério, deu sem fazer barulho.
Naquele dia postei em meu blog que Lula
falara em renúncia - embora eu não soubesse por que. Nunca recebi tantos
desmentidos de porta-vozes e amigos do governo.
Ainda no segundo semestre de 2006, Valério
voltou a atacar. Procurou um político de forte prestígio junto a Lula.
Queixou-se de estar quebrado. Acumulava dívidas sem poder honrá-las. Seus bens
haviam sido bloqueados. Caso não fosse socorrido, daria um tiro na cabeça ou
faria com a Justiça um acordo de delação premiada.
O político pediu uma audiência a Lula.
Recebido no gabinete presidencial do terceiro andar do Palácio do Planalto, o
político reproduziu para Lula o que ouvira de Valério.
Em silêncio, Lula virou-se para uma das
janelas do gabinete que lhe permitia observar parte do intenso movimento nas
vizinhanças do palácio.
Então perguntou ao visitante: "Você
falou sobre isso com Okamoto?" O visitante respondeu que não. E Lula mais
não disse e nem lhe foi perguntado. Seria desnecessário.
O diligente Okamoto, aquele que pouco antes
pagara do próprio bolso cerca de R$ 30 mil devidos por Lula ao PT, apascentou
Valério.
Falta alguém em Nuremberg!
Quero dizer: falta alguém na denúncia
oferecida pela Procuradoria Geral da República sobre a "organização
criminosa" que tentou se apossar do aparelho do Estado.
Desviou-se dinheiro público - e não foi
pouco. Pagou-se para que deputados votassem como queria o governo. Comprou-se o
apoio de partidos.
Nada será capaz de reparar o mal produzido
pelos que chegaram ao poder travestidos de legítimos hierarcas da decência -
falsos hierarcas como se revelariam mais tarde.
Mas se a Justiça só enxergar inocentes
entre eles, isso significará que também foram bem-sucedidos na tarefa de
trucidar a esperança.
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