Roberto Rachewsky
Como se chama quem nos rouba? Ladrão.
Como se chama quem nos engana com fraudes e mentiras? Estelionatário.
Como se chama quem inicia o uso da força, viola nossos direitos, atentando contra nossa integridade física, contra nossa liberdade, contra o que nos pertence? Criminoso.
Como se chama quem vive de extorquir, intimidar, coagir, praticar crimes de forma organizada contra pessoas pacíficas, produtivas? Máfia.
Como se chama quem provê saúde para quem precisa? Médicos, hospitais, enfermeiras, clínicas e farmácias.
Como se chama quem provê conhecimento ensinando a quem não sabe ou não sabe suficientemente? Professores, escolas, escritores, palestrantes.
Como se chama quem provê previdência para quem poupa? Seguradora, banqueiro, assessor financeiro, corretor de valores.
Como se chama quem constrói prédios, parques, ruas, estradas, pontes, sistemas de fornecimento de água e tratamento de esgoto? Engenheiros, arquitetos, siderúrgicos, empreiteiros, construtores, uma infinidade de outras profissões produtivas especializadas.
Como se chama quem distribui renda de acordo com o mérito daquele que irá recebê-la? Mercado, consumidor, produtor, comerciante, banqueiro, trabalhador, filantropo.
Qual dessas atividades cabe ao governo? Nenhuma.
Por definição, governo é a instituição que tem como finalidade proteger os direitos inalienáveis de cada indivíduo em uma sociedade para dela extirpar a violência praticada através da iniciação do uso da força ou de fraude.
Por definição, o governo origina-se na outorga do direito à legítima defesa para que quem for agredido nos demais direitos que possui possa ser defendido através do provimento de segurança e justiça – quando a intervenção estatal for necessária.
Por definição, o governo protege direitos inalienáveis, logo, governo usando seu poder coercitivo para violar a liberdade individual e a propriedade privada é uma contradição insolúvel.
Por definição, governo deve ser limitado por leis e, se for o caso, pelo uso retaliatório da força por parte da sociedade, caso o governo resolva violar o princípio básico da sua existência, que é proteger os direitos inalienáveis à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade de um ou mais dos indivíduos que fazem parte daquela sociedade.
Sem governo, como definido aqui, não existe sociedade civilizada possível. Governo deve extirpar a violência que todo processo anárquico produz. Anarquia é ausência de governo. É quando o governo, por desejo da sociedade ou não, se perverte, deixa de ser o que deveria e passa a agir como a organização que conhecemos por máfia.
No Brasil, não temos um governo. Parece que temos uma máfia que faz tudo o que uma máfia faz e nada do que um governo de verdade faria. Tem sido assim em maior ou menor grau em vários países do mundo, principalmente aqueles que defendem o chamado “estado de bem-estar social”, que não passa da institucionalização de práticas mafiosas, violentas, para regular, controlar e explorar de forma pervertida a vida dos indivíduos.
Esses sistemas se valem de subterfúgios, como o processo democrático, que usa as vítimas para sancionarem os algozes. Usa uma quantidade suficiente de violadores para justificar os crimes praticados contra os violados, levados a cabo pela máfia, que acabou conquistando a hegemonia na disputa territorial para praticar seus crimes.
Ninguém tem direitos sobre o que não é seu por merecimento. Ninguém pode outorgar ao governo direitos que não possui, como usar de coerção para tirar a vida, a liberdade ou a propriedade de quem nada fez para sofrer a ação coercitiva do governo.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-que-cabe-ao-governo/
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