Rodrigo Constantino
A jornalista Lu Aiko Otta, do jornal Valor EconĂŽmico, foi vaiada por apoiadores do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) nesta segunda (26) ao pedir a ele uma opiniĂŁo sobre a manifestação do Ășltimo domingo (25) convocada por Jair Bolsonaro (PL), em SĂŁo Paulo.
Ela participava de uma cerimĂŽnia seguida de uma coletiva de imprensa no PalĂĄcio do Planalto em que a ministra Esther Dweck, da GestĂŁo e Inovação em Serviços PĂșblicos, apresentou o programa ImĂłvel da Gente, para destinar prĂ©dios ociosos da UniĂŁo a iniciativas habitacionais.
Lula e Esther fizeram uma apresentação do plano e abriram para perguntas da imprensa, mas apenas a ministra e Rui Costa (Casa Civil) poderiam ser questionados. Lu Aiko fez uma pergunta e pediu para o presidente emitir uma opinião sobre o ato convocado por Bolsonaro.
“Se eu puder ser ousada, presidente, queria perguntar sobre o ato que ocorreu ontem [domingo, 25], na Avenida Paulista, e nĂŁo sou sĂł eu que estou curiosa a respeito”, iniciou a pergunta jĂĄ seguida de vaias de pessoas presentes na cerimĂŽnia.
O Brasil não estaria neste estado de exceção sem a cumplicidade da velha imprensa.
Lula, claro, nĂŁo respondeu. O episĂłdio revela o grau de subserviĂȘncia da velha imprensa ao novo governo. Enquanto os jornalistas buscavam a todo custo deixar Bolsonaro desconfortĂĄvel, trazer dados incĂŽmodos ou mesmo provocĂĄ-lo, com Lula eles pisam em casca de ovo.
Questionar Lula sobre uma manifestação com quase um milhĂŁo de pessoas na Av. Paulista Ă© ser "ousado" agora. O lance Ă© sĂł levantar bola e deixar o presidente cortar, na zona de conforto tĂpica de uma claque. E pensar que sĂŁo esses jornalistas da "mĂdia profissional" que chamavam jornalistas como eu de "blogueiros bolsonaristas"...
Na bolha do "jornalismo profissional", ninguĂ©m solta a mĂŁo de ninguĂ©m, enquanto todos se unem para atacar os jornalistas independentes. Procuradas pela Gazeta do Povo, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se mantiveram em silĂȘncio, por exemplo, sobre a detenção temporĂĄria do jornalista portuguĂȘs SĂ©rgio Tavares.
Segundo Tavares, ele precisou responder questionamentos em relação ao seu posicionamento sobre Alexandre de Moraes, FlĂĄvio Dino e vacinas enquanto tentava entrar no paĂs. Recentemente, o profissional entrevistou o presidente Jair Bolsonaro para o seu canal no YouTube. Crime de opiniĂŁo? Intimidação da PF a um jornalista estrangeiro? Coisa de Cuba? Nada disso sensibiliza a classe jornalĂstica, pelo visto.
O Brasil nĂŁo estaria neste estado de exceção sem a cumplicidade da velha imprensa. O consĂłrcio PT/STF nĂŁo seria capaz de tanto estrago sem o terceiro pilar que forma o tripĂ© autoritĂĄrio: uma mĂdia corrompida, seja por ideologia, seja por grana mesmo.
Depois nĂŁo adianta culpar as redes sociais pela queda de audiĂȘncia e crise financeira, levando a demissĂ”es. Ă responsabilidade do pĂ©ssimo jornalismo feito por militantes mesmo. O povo nĂŁo Ă© trouxa como esses jornalistas acham. A solução para a credibilidade em queda livre? Censura, claro! A velha imprensa apoia o PL das Fake News justamente para que seus comparsas comunistas possam calar na marra quem ousa apontar para tamanho viĂ©s do "jornalismo profissional"...
Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo
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