Fábio Gaião, Gazeta do Povo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu seu prognóstico sobre o desempenho da economia da Argentina e informou nesta terça-feira (25) que projeta uma queda de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano.
A previsão, uma grande piora em relação à projeção divulgada pelo próprio fundo em abril de uma expansão de apenas 0,2% para 2023, está de acordo com os cálculos de economistas privados consultados mensalmente pelo Banco Central argentino, que estimam que a economia do país sofrerá uma retração de 3%.
Caso esses prognósticos se confirmem, será a sexta retração anual do PIB argentino em dez anos. O pior resultado foi em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando a economia encolheu 9,9%.
No ano seguinte, o PIB da Argentina cresceu 10,4%, mas sua economia começou a desacelerar já no ano seguinte, com um crescimento de 5,2%.
Na semana passada, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) divulgou que a atividade econômica da Argentina caiu 0,1% em maio em relação a abril, o que representou a segunda retração consecutiva – em abril, a contração havia sido de 1,8% em relação a março.
Um fator que contribuiu muito para essa queda foi o desempenho da agricultura e pecuária, fortemente afetadas pela seca, mas economistas apontam que os erros na política econômica do governo Alberto Fernández também tiveram peso decisivo.
Em entrevista ao site Perfil, o diretor da consultoria Ecolatina, Martín Ravazzani, destacou que economistas de diferentes correntes políticas cotados para assumir o Ministério da Economia no novo governo argentino (a eleição presidencial está marcada para outubro) são unânimes em apontar a necessidade de planos de estabilização e reorganização fiscal após quatro anos de peronismo.
“A situação em termos de reservas é crítica, as reservas líquidas neste momento estão negativas em US$ 3,5 bilhões. Portanto, é fundamental que a Argentina chegue a um entendimento com o Fundo Monetário Internacional o quanto antes”, disse Ravazzani.
A revisão do PIB argentino feita pelo FMI ocorre num momento em que o ministro Sergio Massa, pré-candidato peronista à Casa Rosada, promove mudanças nas políticas cambiais e monetárias que fizeram o valor do dólar disparar neste início de semana e em que a Argentina e o próprio fundo anunciam um entendimento para finalizar, ainda nesta semana, um acordo sobre mudanças nas metas monetárias, fiscais e de reservas estipuladas no pacto de refinanciamento da dívida, assinado em março de 2022.
Apesar de destacar a “boa notícia” desse entendimento com o FMI, Ravazzani projetou uma situação difícil para a economia argentina até o final de 2023.
“Vemos um segundo semestre muito complicado, nossas estimativas de retração para o ano são de 2,8% e avaliamos que a inflação encerrará o ano em torno de 133 a 135%. Não há razões para pensar que as condições possam melhorar substancialmente no curto prazo”, destacou o economista.
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