Alex Pipkin
Evidente que estou pessimista! A vida e seus resultados dependem da ação humana, e as circunstâncias não são nada boas. São ciclos e, nesta direção, mantenho a esperança de que mais adiante eu possa ser surpreendido positivamente.
Vive-se na era da rejeição da verdade, das narrativas falaciosas, dos gatilhos, das emoções e dos estímulos curto-prazistas. Uma época de abissal sentimentalismo grosseiro. Sou dos anos 60. Não me apego ao saudosismo, o mundo se transforma, porém os nossos princípios-chave cerebrais levam séculos para serem alterados.
Acho que sou de um tempo em que prevalecia o pensar reflexivo, a razão. Claro, os estímulos e os incentivos no seio familiar e nas instituições nos impeliam com “sangue, suor e lágrimas” para a construção individual – e portanto, do todo – de um futuro mais saudável e promissor.
A ignorância – na correta acepção da palavra – e o emburrecimento parecem-me transparentes. Penso que uns 70% da população brasileira atuam no piloto automático do sistema 1, dos sentimentos, tomando decisões baseadas nos comportamentos puramente instintivos.
No dia a dia, somos bombardeados de estímulos e informações, e nosso cérebro busca economizar esforços e maximizar a eficiência. Na verdade, esse gosta mesmo da “vida boa”, sendo necessário fazê-lo se exercitar de fato. Os nossos “modernos” homens, mulheres e LGBTQIA+, por meio das transformações na família, e em razão dos incentivos tupiniquins de cabeça para baixo, desejam a “vida boa”, procrastinando com relação ao futuro, focados no curto-prazo e nas falsas recompensas que lhes são apresentadas.
A vida é dura! Exige esforço, compromisso, sacrifício, constância de propósito e foco nos objetivos de longo prazo. O sucesso não chega por decreto, é uma jornada que precisa ser construída para se alcançar um “final feliz”. Não é o que se vê – e o que não se vê – na atual Pindorama.
As gratificações e as recompensas de curto prazo são finalidades de desejos e de necessidades enganadoras, momentâneas e emocionais. Os grupos de pertencimento, por afinidades – as ideológicas são perversas -, que parecem enaltecer nossa identidade social, são muitas vezes singelas miragens de facilitadores do sucesso. Quando analisadas sob as lentes do sistema 2, lógico, do pensamento racional, torna-se possível compreender e perceber a irracionalidade de muitos pensamentos, do agir meramente instintivo e, talvez, das escolhas de trilhas equivocadas.
Não somente a verdade se tornou desimportante; o conhecimento, além de ser parco em Macunaíma, passou a ser rejeitado. A decadência é gritante, tanto no escasso nível de conhecimento exposto como na questão moral. Embora muita gente negligencie, os valores importam, e muito, em especial, sobre os resultados na educação e no ensino. Não se constrói caráter como antigamente…
Ligue a TV e constatarás o grau de baixeza de conteúdo, de pautas, de discussões e, de forma assustadora, da mentira escrachada e dos vieses ideológicos. Uma genuína celebração da ignorância, da hipocrisia e da ruína moral. A grande maioria dos brasileiros enxerga com os olhos enevoados, e a razão da ignorância é singela: o Estado grande pensa e decide por todos e, pior, a escassez de conhecimento e de discernimento faz com que muitos aceitem essa nefasta circunstância.
Não há mais o essencial ser individual, pensante e crítico, definindo e trabalhando duro pelos seus próprios objetivos e planos de vida. Ele foi substituído pelo abstrato coletivo, sujeito às ordens e aos desejos espúrios aos quais esse “coletivo” está submetido. Não há mais lei, liberdades individuais e a capacidade de se pensar e dizer o que se quer. Não se distingue mais o que é digno, verdadeiro e positivo, e tal incapacidade é gratificada por meio dos enganadores e “modernos” prazeres imediatos.
Sem querer ser saudosista, mas o meu tempo juvenil não era de tamanha ignorância, burrice, farsa e escuridão.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/a-ignorancia-e-a-moderna-vida-boa/
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