Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 28 de junho de 2023

JK e JB: baluartes, desenvolvimentistas e heróis.

  Samir Keedi, da Academia Paulista de História


Certamente o Brasil deve muito a muitos ao longo da sua história. Mas, a JK e JB deve mais que a outros. Pena que muitos, ao contrário, devem demais ao país e seu povo. Mas, ao invés de se envergonharem, se julgam heróis. O inferno saberá puni-los. Pena que muito tarde. Em que muitos terão pago boletos sem merecer.

JK foi um baluarte em muitas coisas, mas, trazer para cá a indústria automobilística e ocupar o país, é o suficiente, e são impagáveis. Alguém consegue imaginar o Brasil sem a indústria automobilística, e seus satélites produzindo peças para as montadoras? O desenvolvimento que ela produziu, e suas muitas dezenas de milhões de carros aqui fabricados? E a infinidade de empregos gerados? Se não somos um grande país, mas apenas um país grande, imagine-se sem essa fabulosa indústria.

Já vimos muitos criticarem e atribuírem a JK a quase morte da nossa ferrovia e nossa dependência do transporte rodoviário. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Não são excludentes. Mas, complementares, o que poucos percebem. Os governos seguintes é que trataram mal essa questão e acreditaram que o transporte rodoviário, e não o ferroviário, é que seria o ideal para o país. Ledo engano. Para um país continental, foi a pior escolha possível. O transporte rodoviário é para curtas distâncias, distribuição de carga e apoio aos demais modos de transporte.

O transporte rodoviário, como se sabe, é o melhor de todos os modos de transporte. O único que pode fazer tudo sozinho e não depende de outro modo qualquer. Todos os demais dependem dele. Inclusive a tão necessária Intermodalidade e a Multimodalidade. Mas, sabemos que ele é o mais caro entre todos os modos de transporte, como já escrevemos e mostramos a nossos alunos e interlocutores diuturnamente, portanto, para ser usado com parcimônia, o que não ocorre em nossas plagas.

Seu outro ponto forte, até mais, foi a mudança da capital do país, da "civilização para o nada" como muitos apregoavam. Já cansamos de ver ataques a ele por isso, até hoje. Obviamente uma visão totalmente equivocada de quem pensa assim. O país era uma faixa de 200 quilômetros do mar, e praticamente nada mais. Com todo o restante quase nada servindo. Ele ocupou o país integralmente. Será que sempre foi mais fácil pensar apenas na maior distância da capital, do que na posse total?

Com a capital no centro do país, proporcionando a ocupação dos nossos 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o efeito agrícola foi avassalador. O tamanho da nossa agricultura hoje é invejável, com alta produtividade. E alimentando um bilhão de pessoas ao redor do mundo. Quantidade que ainda pode crescer muito. Alguém consegue imaginar isso tudo sem criticar? Se ficássemos restritos à faixa litorânea, o que seria hoje do país? Hoje tudo é Brasil, e no passado isso era apenas uma utopia. Somente a coragem de JK poderia ter proporcionado esse feito.

Nossa agropecuária é, hoje, invejável e exemplo para o mundo. Esperamos que assim continue e melhore, pois sabemos que muitos querem destruí-la. Tanto interna como externamente.

A JB devemos muito também. Pela primeira vez na história vimos um patriotismo como "nunca antes neste país". Um país que sempre foi tratado como se não existisse para cada brasileiro. Que pensava no país apenas como o que ele poderia lhe dar. Inversão do que apregoava JFK em seu governo nos EUA. Quando os democratas eram mais patriotas e pensavam no país. Não que não pensem mais, mas, eles mudaram muito, para pior. A esperança dos EUA são os Republicanos, para que continuem como são.

JFK gravou na história a sua célebre "Não pense o que seu país pode fazer por você, mas, o que você pode fazer por seu país". Inverso dessas terras tupiniquins, em que sempre valeu "Não pense no que você pode fazer por seu país, mas, o que seu país pode fazer por você, e sempre, mais ainda, o que o país pode fazer "por mim", e se não fizer, eu farei". Hoje somos um país bem mais patriota.

Além do que, JB governou sem pensar no que outros fizeram quanto a obras paradas e desvios. Obras que sempre começavam, enriqueciam o governante, e depois eram paralisadas. Infinitas obras foram retomadas, não importando quem as tinha paralisado. Valia o país, o povo que era beneficiado.

Seu ministério, reduzido de praticamente "Ali Babá..." para 22. Ainda muito, mas, bem menos. E, com nomeação de técnicos, sem cabide de emprego. Claro que sempre há erros, mas, não como antes ou depois, em que nos ministérios só há erros e mistérios. Hoje voltamos a ressuscitar "Ali Babá..." com ministérios sem sentido, sendo que, em seis meses de governo, metade dos ministros não foram recebidos nem despacharam com o presidente, segundo a imprensa.

Estradas foram asfaltadas e melhoradas. Ferrovias receberam atenção que não mais estavam acostumadas a receber a cabotagem voando. Atenção a portos, aeroportos, privatizações, etc. Mudando um pouco o cenário logístico quase desolador e que vinha piorando.

Muito ainda se poderia falar aqui desses dois importantes personagens da nossa história. Em especial de JB, fenômeno que o país nunca conheceu antes. Ninguém jamais arrastou multidões como visto nos últimos anos. Caso único na nossa história. Aliás, em certos aspectos, pobre história, com equívocos enormes, em que parece que aqui foram criadas as fake news. É fake news no descobrimento. Na proclamação da independência. Na proclamação da república, etc., uma vergonha.

Mas, preferimos ficar apenas na história recente, e no transporte e logística, partes da nossa área de atuação profissional, em que sabemos como as coisas se passaram antes, durante e agora novamente.

*        O autor é empresário e titular da Cadeira Nº. 4 da APH-Academia Paulista de História -  SKE Consultoria Ltda














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