Percival Puggina
Embora não esteja convencido dele (e não sou eu quem tem que estar convencido), o resultado proclamado pelo TSE alterará tudo quanto foi dito e escrito após o dia 2 de outubro a respeito da composição do novo Congresso Nacional.
Há ali um grupo de partidos que poderiam ser contados para qualquer lado porque fazem parte daquela geleia política que só sai do pote para besuntar o pão do poder.
Senti algo semelhante a um soco no peito quando Gilberto Kassab, dirigente máximo do PSD, se disse disposto a levar seu partido para o governo Lula. O PSD é um pote de geleia com 11 senadores e 42 deputados e uma das condições impostas por Kassab é a permanência de Rodrigo Pacheco na presidência do Senado. Ora, Rodrigo Pacheco permitiu que a tirania do judiciário se instalasse no país. Sua permanência no posto em 2023 era a coisa mais impensável para qualquer mente sadia ao longo destes últimos dois anos. Até a semana passada.
Não foi diferente a sensação quando li que Luciano Bivar, chefão do União Brasil, outro pote de geleia com 10 senadores e 59 deputados, não será oposição, tem uma dívida para com o PT e uma das condições para sair do pote é a eleição dele, Bivar, para a presidência da Câmara.
Junte a isso o MDB de Simone Tebet, o PSDB do compadre FHC, a ala fisiológica do PP da qual o próprio Arthur Lira faz parte, e estará pelada a coruja. Lula comprará o que precisa no varejão do legislativo. A oposição será amplamente minoritária no Senado e, dependendo do que venha a fazer com o PP, o governo conseguirá mais da metade da Câmara.
Não é suficiente para mexer na Constituição, mas todos aprendemos nestes anos que limites constitucionais são contornáveis porque, para as cabeças do STF, a Carta é um “organismo vivo” e delas vem o sopro que lhe dá vida.
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