Percival Puggina
Sempre de cócoras e de olho nos negócios, o Congresso mais irresponsável e indigno de nossa história vai, realmente, aprovar a invenção de dinheiro para atender os delírios de Lula e seus amiguinhos. Se a loucura prosperar, eles estarão autorizados a gastar um dinheiro que não existe e que, por isso, terá que ser “inventado”. Bem mais do que eles querem já perderam em valor as empresas brasileiras! Não obstante, querem isso por quatro anos para que lá, na ponta de 2026, em seus currais, contem com essa moeda de chantagem contra seus adversários.
Sinto-me voltando ao ano de 2007. Então, o sucesso subira à cabeça de Lula. Ele era o cara que projetara o país à dianteira da fila de espera para ingressar no Primeiro Mundo, o cara que ansiava por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, o cara que se julgava capaz de resolver qualquer encrenca internacional, o cara que tornava o Brasil autossuficiente em petróleo, o cara por quem José Dirceu se sacrificara para que saísse incólume do mensalão. O cara que na eleição do ano anterior colocara novamente no peito a faixa presidencial...
Nesse jogo, porém, Lula tinha muito a agradecer e pouco a oferecer. A prosperidade da economia brasileira, que permitiu saltos na arrecadação, no mercado de trabalho e nas exportações tinha tudo a ver com o espetacular e súbito crescimento do mercado chinês, que elevou o preço das nossas commodities. E nada a ver com competência administrativa. O presidente não dispunha das virtudes necessárias a um bom gestor. Sempre foi, isto sim, um político conversador, populista e oportunista. Deveria agradecer aos que, antes dele, assumiram o sacrifício político de colocar o país nos trilhos da responsabilidade fiscal. Mas não.
Ah, se Lula tivesse sido um bom gestor! Com os recursos de que dispôs, com o apoio popular que soube conquistar, com o carisma que Deus lhe deu, teria preparado as bases necessárias a um desenvolvimento sustentável. Nenhum outro presidente, em mais de um século de república, navegou em águas tão favoráveis. Contudo, do alto de sua vaidade, embora fosse apenas um mero e pouco esclarecido barqueiro, ele acreditou ser o senhor dos mares e das marolas (expressão que uso quando as consequências passaram a bater à porta).
Em 2007, a euforia era tal que Lula, consumidor de manchetes, importou a Copa de 2014 e começou a negociar os Jogos Olímpicos de 2016. Lá se foram R$ 66 bilhões em autopromoção e elefantes brancos. Sobrou dinheiro para o supérfluo, mas faltou para o básico.
"Vaidade! Definitivamente meu pecado favorito", confessa o personagem representado por Al Pacino em O Advogado do Diabo. E a vaidade de Lula aquecera as brasas que iriam arder nos governos de Dilma.
Hoje Lula é, novamente, o cara. O cara por quem presunçosos ministros do STF sacrificaram suas biografias. O cara por quem o jornalismo brasileiro renunciou às próprias responsabilidades. O cara por quem tantos congressistas traíram seus eleitores. O cara sob cuja sombra 300 pessoas da equipe de transição, apostando contra a esperança de tantos patriotas, disputam com avidez recursos para suas sesmarias.
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