Percival Puggina
Os diálogos travados entre o presidente Omar Aziz e o relator Renan Calheiros, e de ambos com a minúscula base do governo, mostram uma situação original. Como regra quase geral, CPIs confrontam pontos de vista divergentes. E não é de outra natureza essa da Covid constituída no Senado Federal. Quando isso acontece, o presidente da comissão é de uma banda e o relator é de outra.
No entanto, o que se viu até agora e o que se verá nas próximas semanas, é um baião de dois em que Omar e Renan dançam de rosto colado por interesses comuns. Entre eles está o de causar o maior dano possível ao governo federal e à corrente de opinião que o levou ao poder desarticulando as organizações criminosas – as famosas orcrim – que esfolavam o país ao longo das últimas décadas.
A mesa dos trabalhos, viu-se, opera contra o governo em duas direções. Em uma, quer assinar, carimbar e selar a narrativa oposicionista de que o Brasil é o único lugar no mundo onde o vírus não existiria nem faria vítimas não fosse o governo. (Sim, eles têm os grandes meios de comunicação para respaldá-los nisso) Em outra, a mesa e a maioria do plenário, querem salvar a pele de governadores, prefeitos e senadores corruptos, tirando de foco seus crimes e levando mais holofotes para onde eles sempre estão apontados, o governo federal e o presidente.
Os prontuários do presidente e do relator são de causar espanto em qualquer delegacia de área conflagrada. Quando os líderes e o presidente do Senado negociam essa comissão e essa mesa diretora dos trabalhos, fica nítido o vale-tudo, o despudor e o desrespeito da Casa para consigo mesma e para com a sociedade brasileira.
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