Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 27 de maio de 2021

A apologia ao crime não tem limite no Brasil: A fascinação pela traficante Sandra Sapatão ganha texto e seguidores

 Jornal da Cidade

“Por que estou fascinada por Sandra Sapatão”.

Este é o título de uma coluna assinada por Ana Angélica Martins Marques, publicada na página da internet do Universa (plataforma digital de conteúdos atrelada ao site UOL).

O texto, como já era de se esperar, trata da traficante conhecida como Sandra Sapatão, presa no último dia 21, e que figurava na lista dos dez criminosos mais procurados no Brasil. E poderia, de alguma forma, até trazer um conteúdo a ser analisado, talvez a história de Sandra, ou o trabalho da justiça para encontra-la, ou ainda enumerar os crimes cometidos pela traficante.

Mas eis que a tal fascinação da autora era pela personagem em si, a qual trata quase como uma heroína dos tempos modernos, com altíssima carga de romantização e beirando mesmo a apologia ao crime – o que não é surpresa nos tempos em que vivemos e com base a tudo o que temos ouvido, lido e assistido.

“Uma mulher (lésbica?), que ocupa um posto de destaque no crime, foi capturada enquanto retocava a marquinha em Saquarema (RJ). Não é todo dia que isso acontece”, escreveu a colunista em um misto de satisfação, ideologia de gênero e o cunho folclórico destinado a quase toda malandragem carioca, típico das novelas globais.

A autora, para confirmar sua própria impressão, vai apresentando durante o texto, tuítes de pessoas desconhecidas, sobre Sandra Sapatão, que teriam viralizado nas redes:

Na sequência, a autora cita, timidamente, alguns crimes da sua personagem. Lembra que ela chegou a oferecer dinheiro a policiais para se livrar de outras prisões. Cita, sem lamentar o que chama de suposto envolvimento na morte do policial militar Michel de Lima Galvão, durante tiroteio no Jacarezinho e lembra o que foi dito em um canal do Youtube, de propriedade de um cabo da reserva conhecido como Renan Omcs, “que a traficante passaria acima de qualquer suspeita, por ser uma figura parecida com uma mãe ou uma avó” (coitadinha da vovó … traficante, assassina, procurada … não é mesmo?)

E como não poderia deixar de ser, a colunista, na mesma velha narrativa dos esquerdopatas adoradores de bandidos, passa então a devanear sobre racismo estrutural, comparando A origem de Sandra Sapatão, à assassina dos próprios pais e sociopata Suzana Von Richthofen, para justificar seu quase anonimato:

“Esse apagamento de Sandra como indivíduo não é casual. Sobre Suzane Richthofen — presa pelo assassinato dos próprios pais —, por exemplo, há notícias detalhadas de todos os aspectos de sua vida, tanto pregressa quanto atual [...] Suzane é branca, nasceu em uma família rica e morava no Campo Belo, zona sul de São Paulo. Sandra é uma mulher negra do Jacarezinho, uma favela do Rio, onde as pessoas são invisibilizadas, desumanizadas e marginalizadas”

E, enfim, encerra com um roteiro que muito provavelmente será aproveitado por algum autor de novela ou filme de quinta categoria:

“Quem são os pais de Sandra Sapatão? Quem foram seus amores? O que a levou ao crime? Eu quero saber. Estou fascinada por sua história. E se você chegou até aqui, não estou sozinha”.

Não, realmente a autora não está sozinha, mas a leitura do texto até o final não chega perto de fascinação, mas sim de indignação por termos no país uma classe que tem verdadeira adoração por tranficantes, corruptos e assassinos.

Vivemos no país da romantização do que é errado, quase sempre justificado por ideologias e narrativas com fundamentos no que a esquerda chama de “revolucionário”, mas que na prática é a destruição de um país a partir do seio da própria sociedade.

A autora, obviamente, omite de seu texto outras ligações de Sandra Sapatão, talvez por envolver uma deputada estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL.









PUBLICADAEMhttp://rota2014.blogspot.com/2021/05/a-apologia-ao-crime-nao-tem-limite-no.html

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