Pedro Carvalho , Veja
Além das muitas regalias do mandato – carro, combustível, funcionário, passagens, emendas parlamentares – um deputado também pode viajar pelo mundo a custa do erário. São as viagens em missão oficial. Em 2019, a grande maioria dessas missões, 77%, foi para o exterior.
Levantamento feito pelo Radar exibe números grandiosos: 220 deputados (que representam 43% do total da Câmara) estiveram em 92 cidades dos quatro cantos do planeta. Em 365 missões, uma por dia. Entre gastos com passagens e diárias, essa conta ficou em R$ 5,2 milhões.
Tem deputado que participou de oito viagens, que ficou mais de 40 dias no exterior e, sozinho, consumiu mais de R$ 100 mil.
A pergunta é: qual o ganho para o país dessas viagens?
A Câmara exige muito pouco de retorno. Apenas um “relatório circunstanciado” da viagem. Na maior parte das vezes, são relatos genéricos, burocráticos e sucintos. Muitas e muitas vezes apenas a agenda dos compromissos.
São encontros, seminários, visitas aos parlamentos estrangeiros, empresas privadas e palácios que poderiam render mais. Mas tem também viagens para verdadeiros redutos turísticos, como Fátima (Portugal), Las Vegas (terra dos cassinos) e, claro, Nova York, o destino mais procurado.
O deputado viaja também a convite do governo e participa de comitivas oficiais, caso dos ruralistas que passaram quase um mês com o comando do Ministério da Agricultura em cidades como Tóquio, Xangai, Pequim, Abu Dabi e Dubai, entre outras.
Ou acompanhar o grupo encabeçado por Rodrigo Maia para a beatificação de Irmã Dulce.
Há quem viaje também a convite de empresas privadas. Se não tiver incluída viagem na primeira classe, os parlamentares recorrem às suas cotas da Câmara, também dinheiro público, para complementar. É chamado de “upgrade” para classe executiva.
Os destinos mais procurados pelos deputados para eventos em 2019 estão também entre os favoritos dos cidadãos que gostam de viajar mundo afora. A diferença é quem paga a conta.
Nova York aparece disparada como a metrópole mais cobiçada. Das 365 viagens em missões oficiais, 48 foram para NY. Na sequência aparecem: Roma (26), Lisboa (24), Genebra (20) e Madri (16), Ao todo, 92 cidades de cinco continentes receberam os parlamentares brasileiros.
Nessas viagens, muitos querem o conforto da classe executiva ou da primeira classe do avião, quando a aeronave oferece esse tipo de assento. Mas a Câmara, quando autoriza a viagem de algum parlamentar para um evento, disponibiliza a econômica.
O viajante informa então que irá usa a cota parlamentar a que tem direito todo mês para fazer o “upgrade” para a classe executiva. Ou “usa a cota para custear a diferença para escolha de voo de sua preferência”.
Esse expediente é aceito pela Câmara. Vários deputados fizeram uso, como o líder a da bancada ruralista, Alceu Moreira (MDB-RS), que usou saldo de sua cota para custear a diferença de tarifas entre o voo sugerido pela Câmara o voo escolhido pelo parlamentar para uma viagem ao Oriente Médio.
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