Jornalista Andrade Junior

domingo, 14 de julho de 2019

INTERNACIONALIZAÇÃO: MENOS ESTADO, MAIS EMPRESÁRIOS

por Alex Pipkin, PhD

  FOTO ANDRADE JUNIOR
O governo é supremo, mas ele não deve buscar a perfeição humana - somos imperfeitos, cheios de vícios e virtudes - na medida em que suas atividades são limitadas.
Na busca do bem comum, atualmente há um certo consenso entre economistas no mundo inteiro em favor da abertura comercial. Protecionismo é receita certa para o fracasso e a pobreza. A evidência empírica é avassaladora, vide os velhos e novos Tigres Asiáticos. Recentemente a China, com franca abertura comercial, fez com que suas empresas incorporassem novas tecnologias e aumentassem a eficiência por meio da inserção nas cadeias globais de valor.
Cabe elucidar que são os governos que elaboram e celebram os acordos de comércio mundiais; as empresas aquelas que operam o comércio internacional, de fato.
Resta-me pouca dúvida de que a maior integração brasileira com o mundo e a participação na lógica das cadeias globais de valor aumentaria a produtividade nacional, gerando economias de escala e acesso a fluxos tecnológicos inovadores, o que se reverteria em aumento de empregos e salários. Além disso, propiciaria maior variedade e menores preços de produtos e serviços aos consumidores nacionais.
No entanto, nossa mente verde-amarela parece ter se atrofiado agudamente, fruto da habitual e persistente cultura do estatismo, intervencionismo e patrimonialismo, verdadeiros clássicos brasileiros.
O governo pode e deve fomentar o crescimento econômico, não inibindo-o, mas ele não é, nem deve ser, o salvador da pátria!
Chegou o momento definitivo da classe empresarial brasileira transformar seu modelo mental introvertido! Abram-se alas para os brasileiros - e brasileiras - passarem! Basta, especialmente, da eterna busca de proteção do Estado no capitalismo de compadrio tupiniquim. E a vez do empresariado assumir sua responsabilidade e riscos associados a verdadeira competição global. Enfrentamento inevitável. Nesta direção, o acordo Mercosul-UE é um importante passo para o enfrentamento à competição e aos fortes lobbies dos incrustados grupos de interesses.
Evidente que, felizmente, temos no país uma série de empresários com "e maiúsculo". Esses, faz muito tempo, colocaram a internacionalização de suas organizações como pauta prioritária em suas agendas estratégicas. Deliberadamente, vem fazendo internamente o tema de casa. Normalmente, outra classe empresarial "privilegiada", extratora de recursos de toda sociedade, no que se refere a competitividade internacional, brada intensa e quase que exclusivamente por uma política cambial mais favorável as exportações (desvalorização do Real). O câmbio, meus senhores, é apenas uma de muitas complexas variáveis quanto a internacionalização.
Cabe reforçar que o sucesso nas arenas internacionais, deve-se muito mais a fatores internos do que externos. Para além de belos discursos e exercícios de retórica, é preciso começar a fazer muito mais, dentro e entre as fronteiras empresariais nos diversos ecossistemas.
Isso significa que os líderes empresariais brasileiros devem trabalhar, não só na melhoria de seus processos operacionais, como também na criação e incorporação de uma cultura organizacional voltada para a internacionalização de suas operações. A necessária mudança de mindset é dependente do empresário e não do Estado; é papel inalienável da liderança. Imperativo nutrir em todos os níveis organizacionais uma cultura da internacionalização, que corresponde por em relevo a importância tanto de importações quanto da expansão de mercados via exportações. Essa "visão filosófica" interna parece-me ser fundamental para que todos os funcionários passem a "pensar globalmente", fazendo com que as atividades internacionais se configurem, a medida do tempo, num hábito organizacional.
Com o objetivo de queimar etapas no processo de internacionalização, executivos com pensamentos, práticas e experiências internacionais são extremamente recomendáveis, a fim de se encontrar maneiras de reforçar competências, habilidades e recursos em nível de produção e logística, tecnológicas, financeiras e, especialmente, de acesso a mercados externos. Importante ainda, fomentar a exposição de funcionários àquelas atividades que envolvam a troca de experiências e maior visibilidade das melhores práticas que ocorrem no mundo globalizado. Até mesmo curtas viagens internacionais são produtivas no sentido de expor os funcionários aos processos que clientes internacionais requerem em função de seus contextos econômicos e sociais diferenciados.
Crucial parece-me ser a criação de espaços e foco para que a orientação internacional e respectiva importância da internacionalização possam aflorar e, posteriormente, consolidarem-se no dia-a-dia da organização.
Não tenho dúvidas de que o cultivo e exercício de uma cultura da internacionalização, fundamental para crescer e inovar em processos, traga um modelo de pensamento reforçador da criticidade da capacitação e da necessidade de se andar com os próprios pés, mitigando a depredadora cultura estatista, intervencionista e patrimonialista. Exige mudança de comportamento e impõe tempo, dedicação e investimentos contínuos em recursos financeiros, gerenciais e em pessoas.
Leva tempo! Mas o futuro organizacional e a nação deveriam agradecer de bom grado!

Alex Pipkin, PhD











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