Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 3 de março de 2014

UMA ANÁLISE PERFEITA

Roberto Barroso é do tipo que dá o tapa e esconde a mão. Seu voto está ancorado na suposição de que houve má-fé do tribunal. Ele acusou, sim, o tribunal de ter agido pautado por duas intenções:
a: evitar a prescrição da pena;
b: majorar o máximo possível a sanção por quadrilha para mudar o regime inicial de cumprimento da pena.
Logo, ele não fez voto de mérito coisa nenhuma. Ele especulou sobre as intenções do tribunal — ou, ao menos, dos ministros de quem ele discorda.
Joaquim Barbosa, evidentemente, reagiu. E indagou se o voto de Barroso estava ponto antes de chegar ao tribunal — isto é, antes mesmo de ter sido indicado por Dilma Rousseff.
Barroso resolveu dar um pequeno chilique e disse que a reação de Barbosa, a quem acusou de intolerante com a divergência, era um “déficit civilizatório”.
Claro, Roberto Barroso! Civilizado é acusar parceiros do tribunal de má-fé.
Por Reinaldo Azevedo

Roberto Barroso, que é um dos dois votos com os quais os petistas contam para ser absolvidos do crime de quadrilha, começou a votar. E começou muito mal. Por quê?
Mais uma vez, relembrando um discurso que já havia feito na corte — sim, um discurso, não um voto — afirmou que o Brasil precisa fazer uma reforma política que barateie as campanhas eleitorais; lamentou que nada se tenha feito até agora em favor desse barateamento; acusou um lamentável espetáculo de hipocrisia em que “todos apontam o dedo contra todos e tentam manter o cadáver no armário”; lastimou que o idealismo se transforme em argentarismo…
Esse trololó de retórica meio balofa mal esconde uma visão do crime do mensalão que coincide com a frase célebre de Delúbio Soares: o mensalão seria apenas a expressão de “recursos não contabilizados de campanha”.
Segundo o raciocínio de Barroso, os petistas, na verdade, nada mais teriam feito do que o que todos fazem, e aqueles que eventualmente censuram o seu comportamento são apenas hipócritas porque fazem a mesma coisa.
Assim, na concepção, fica claro que vai dar um voto favorável aos condenados. Mas Barroso não parou por aí: ele resolveu também desmoralizar os julgamento, afirmando que aqueles que condenaram os mensaleiros procuraram atuar ora para evitar a prescrição, ora para tentar mudar o regime inicial do cumprimento da pena.
Barroso não surpreende ninguém. Fez um discurso inicial de extremo moralismo para, no fim das contas, dar um voto favorável à quadrilha.
Noto: até agora, Roberto Barroso não entrou no mérito dos embargos infringentes. O que ele está fazendo é debater dosimetria, embora diga que não.
De resto, Barroso sustenta seu argumento no fato de que a exacerbação da pena de quadrilha dos mensaleiros é maior do que a exacerbação nos outros crimes. E daí? Isso não é nunca foi argumento jurídico. É uma farsa. Até porque pode ter havido uma exacerbação pequena nos outros crimes. Água morro abaixo, fogo morro acima e certo ministro, quando quer sofismar, ninguém segura.
Por Reinaldo Azevedo

0 comments:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More