Alex Pipkin
Por natureza, considero-me um cético. Contudo, penso que, de verdade, estou cada vez mais pessimista quando ao “país do futuro” – que nunca chega!
No governo anterior, tivemos alguns espasmos do “salvador” liberalismo, ampliando-se às liberdades econômicas e individuais. Implementou-se, em 2019, a Lei da Liberdade Econômica, reduziu-se uma série de impostos, houve uma maior participação do setor privado na economia, sanearam-se alguns rombos em estatais e até mesmo fizeram-se algumas privatizações de tais estatais.
Sim, sim, mas, segundo “eles”, conseguiu-se extirpar “o autoritário, fascista” – deste último termo, “eles” não conhecem o genuíno significado. Embora tenha se logrado eliminar alguma regulamentação esdrúxula e contraproducente, o monstro burocrático do sistema segue firme, rijo e forte. E é exatamente em razão do sistema burocrático enraizado em solo tupiniquim que minha vertente otimista desaparece quase que por completo.
Muito embora seja possível fazer algumas micro mudanças estruturais, é extremamente difícil mover as rochas burocráticas, cortando o pântano da burocrática regulamentação nacional. O câncer estatista, por aqui, encontra-se sempre em sua fase terminal, mas que nunca termina. As instituições, ou seja, as leis, normas, tradições e costumes que formatam a mentalidade e o comportamento – pró-Estado – e que determinam os vitais incentivos – anti-mercado – parecem ser imbatíveis.
De maneira translúcida, há um cada vez maior aparelhamento estatal baseado na seita coletivista. Apesar de termos vivenciado algumas iniciativas de decisão descentralizada nos mercados, a segunda pele de Macunaíma é totalmente burocrática, em que os agentes estatais agem, centralmente, regulando a tudo e a todos.
Não tenho esperança de que seja possível reformar tais instituições burocráticas. Vejam o caso da “in”Justiça brasileira e a correspondente ditadura da toga. Terror e pânico.
Pergunto, como seria possível implementar um ensino – de fato – orientado para os desafios de uma sociedade digitalizada se as (des)elites da burocracia da “Educação” são quase que completamente “progressistas”, focadas não no ensino pragmático (duro), mas na formação de militantes contra a “opressão e a injusta social”?
Tais burocracias não são regidas pelos processos de mercado, sendo compulsoriamente conduzidas pelo cumprimento de processos, regras e regulamentos “coletivistas”. Tal turma “subcutânea” é a condutora da besta. Factualmente, não há como escapar do regramento burocrático, ou melhor, burrocrático, a que todos nós somos submetidos diariamente.
O meu pessimismo – justificado – advém da crença de que não basta mudar o governante, já que o liquidificador burocrático estatal continuará a nos triturar – e devorar vivos. O círculo vicioso não consegue entregar, racionalmente, aquilo que é necessário para que as pessoas possam tomar decisões de acordo com o seu livre arbítrio, segundo seus próprios objetivos de vida. Estamos todos – queiramos ou não – fincados nas garras do Leviatã! Meu pessimismo é tal qual uma droga psicotrópica que se apossou do meu eu. É muito improvável que qualquer governante consiga “abalar o nefasto sistema verde-amarelo”. Evidente, na versão vermelha, verde-amarela, as coisas são ainda mais destrutivas. Além do imanente desejo de preservar o sistema e as instituições burocráticas e coletivistas, o desejo – e resultado – é o do seu agigantamento factual, já que isso faz parte do receituário rubro. Só não vê quem não enxerga.
Em última análise, já vivemos no Brasil sob os auspícios devastadores do coletivismo e de suas iniciativas centralizadoras, ineficientes e inibidoras do respeito aos direitos individuais e às liberdades individuais e econômicas. Minha moléstia pessimista – justificada – se origina do fato de que a prosperidade brasileira, nesse ambiente infértil, é uma miragem. Como poderemos progredir com o avanço de normas, de decretos, de regulamentos e de intervencionismos e compadrio quando a lógica “lógica” deveria ser justamente o contrário?
O progresso é consequência das liberdades individuais e econômicas, que a “besta burocrática estatal” impede de acontecer. O governo é a materialização da burrocracia, ineficiente e economicamente irracional. Todo o circo estatal está estruturado para aprofundar o “redentor” coletivismo. Ao invés de iniciativas, tais como a redução de gastos (e o ópio dos programas sociais eleitoreiros?), a redução da carga tributária e a redução de normas e de regulamentos, a fim de criar o contexto necessário para o incremento da atividade econômica, criadora de empregos, de renda e de riqueza, o sistema coletivista centra no secundário, em especial, nas políticas identitárias, aquelas que não matam a fome de ninguém.
Entretanto, o aparato burocrático dá de ombros para nós, os comuns. Eles possuem suas “próprias leis” e não arcam com as consequências de suas nefastas regras e regulamentos. Não preciso responder quem paga a conta! Desculpem-me a pretensão. O pessimismo aqui é um sinal de inteligência, embora enfadonho. Quem sabe, então, um “lógico da realidade”?
PUBLICADAEMhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-pantano-burocratico-coletivista/
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