Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Indiciamento de Bolsonaro: golpe ou perseguição política?

 Antônio Claret Jr. 


O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, acusado de tentativa de golpe de Estado, levanta um debate essencial: trata-se de uma acusação juridicamente fundamentada ou de uma estratégia de perseguição política para enfraquecer adversários e reescrever a narrativa democrática?

Perseguição política e o uso do sistema de Justiça

No contexto político brasileiro, o uso das instituições judiciais como instrumento de perseguição não é novidade. A chamada “judicialização da política” transforma o Judiciário em palco de disputas ideológicas, onde decisões legais podem refletir interesses políticos mais amplos. No caso de Bolsonaro, a ausência de elementos concretos que caracterizem uma tentativa real de golpe sugere que o indiciamento pode estar mais relacionado ao campo simbólico do que ao cumprimento rigoroso da lei.

Para configurar uma tentativa de golpe militar, como previsto no art. 359-M do Código Penal, é necessário demonstrar:

Atos preparatórios claros, que demonstrem a intenção inequívoca de abolir o Estado de Direito;

Emprego de violência ou grave ameaça;

Início de execução e não meras palavras ou intenções hipotéticas.

A narrativa de que Bolsonaro teria tentado um golpe esbarra em um fato central: até o momento, não há provas materiais de que tenha existido qualquer articulação militar ou planejamento logístico para subverter a ordem democrática. Assim, imputar-lhe um crime tão grave parece menos uma questão jurídica e mais um esforço para deslegitimá-lo perante a opinião pública.

Fragilidades do indiciamento

O relatório da Polícia Federal menciona supostos planos que teriam como objetivo impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, carece de provas que vinculem diretamente Bolsonaro à execução ou ao planejamento desses atos. Não houve:

Mobilização de tropas ou aliciamento de militares para ações contra instituições democráticas;

Planejamento estratégico documentado para tomada de poder;

Recursos logísticos ou financeiros que sustentem a tese de uma tentativa real de golpe.

Sem essas evidências, a acusação contra Bolsonaro parece focada mais em criar um desgaste político do que em buscar justiça de forma imparcial.

Comparações com golpes reais

A história brasileira oferece exemplos claros de golpes reais, como o de 1964, onde a articulação entre forças armadas, políticos e elites civis foi decisiva para a ruptura democrática. Esses eventos foram marcados por ações coordenadas, violência explícita e suporte militar ativo. No caso de Bolsonaro, não há indícios de que qualquer uma dessas condições tenha sido atendida.

A banalização de crimes graves e o perigo à democracia

Perseguir líderes políticos por crimes que não estão devidamente fundamentados juridicamente enfraquece o Estado de Direito. Além disso, banalizar acusações de golpe de Estado transforma um crime gravíssimo em ferramenta de disputa política, diluindo sua gravidade e comprometendo a credibilidade das instituições judiciais.

Quando o sistema de justiça é usado para perseguir adversários políticos, cria-se um precedente perigoso. Hoje, Bolsonaro é alvo. Amanhã, pode ser qualquer outro líder que desafie a hegemonia de grupos no poder. Essa instrumentalização do Judiciário ameaça a democracia, pois transforma a lei em arma política.

Conclusão: golpe ou perseguição?

A acusação contra Bolsonaro, sem provas robustas ou evidências concretas de atos preparatórios, parece mais uma tentativa de enfraquecer o ex-presidente politicamente do que uma busca genuína por justiça. A democracia brasileira não se fortalece com perseguições ou narrativas politizadas, mas com a garantia de que todos sejam tratados com imparcialidade diante da lei.

Transformar o sistema de justiça em instrumento de combate político é tão perigoso para o Brasil quanto as próprias tentativas de ruptura democrática que se pretende combater.












PUBLICADAEMhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/justica/indiciamento-de-bolsonaro-golpe-ou-perseguicao-politica/

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