Jornalista Andrade Junior

sábado, 10 de agosto de 2024

A dura vida das escolas cívico-militares

  Percival Puggina

   Dureza! Embora desejadas e apreciadas por tantos pais, alunos e por tantos professores em estados e municípios brasileiros cujas sociedades reconhecem seus bons resultados, as escolas cívico-militares enfrentam uma luta permanente por sua sobrevivência.

Os motivos alegados por quem propõe sua extinção ou interdição envolvem um preconceito e um conceito. O preconceito é contra o rótulo militar; o conceito é que o cívico precisa ser coletivo, único e unitário. Por igual razão, seus adversários são contra o ensino das crianças pelos próprios pais (home schooling), que é, tão somente, uma fórmula pela qual pais zelosos tentam contornar o problema de uma educação escolar com péssimos resultados.

Então, sindicatos de professores e partidos políticos de extrema esquerda pressionam governos, parlamentos e administrações municipais e se revezam nos protocolos do judiciário portando petições pela eliminação desse tipo de educandário. O sistema não quer perder uma única vítima...

Sou avesso aos alinhamentos automáticos. De regra, parece pouco racional a conduta de quem se põe ao lado de tudo que um grupo político diz e contra tudo que o outro fala. A política não está acima da razão, da ética e do bem. No caso, porém, os opositores são conhecidos e estamos falando do bem dos estudantes, dos pais e das comunidades atendidas por esses estabelecimentos de ensino. A eles há que se alinhar automaticamente, sim, e perguntar: seria essa uma campanha contra um sinal de contradição cujos resultados o sistema oficial não pode contestar?  

Enquanto a rede de ensino público, nitidamente, revela pouco interesse pela presença, opinião e participação dos pais na vida das escolas, as escolas cívico-militares agem no sentido inverso. Enquanto as escolas da rede pública são vulneráveis às más influências externas, à indisciplina e às condutas violentas, as escolas cívico-militares cultivam os bons costumes e as condutas civilizadas voltadas ao aprendizado, mantendo à distância traficantes, malfeitores e desordeiros. Enquanto, nas escolas públicas, o amor à pátria é negligenciado em nome de seu ativismo crítico, nas cívico-militares o patriotismo não é reprovado, mas estimulado. Então pergunto: esses três tópicos não fazem lembrar os três daquele recente discurso de Lula ao Foro de São Paulo comemorando a derrota do discurso da família, dos costumes e do patriotismo? Pois é.

Mais algumas razões da razão devem ser acrescentadas para compreensão da animosidade às escolas cívico-militares. Há quase dois anos, em artigo que escrevi para vários jornais e sites eu as explicitei assim:

Mas é só por isso que a extrema esquerda no poder combate historicamente e põe as escolas cívico-militares de joelhos com a nuca exposta? Não, tem muito mais. A escola que ela quer substitui o moralmente correto pelo “politicamente correto”, a História por um elenco de narrativas capciosas, a solidariedade pelo antagonismo, o amor ao pobre pelo ódio ao rico.

Essa esquerda combate a estrutura familiar pela condenação do suposto patriarcado, como se a paternidade fosse apenas poder e não amor, responsabilidade, serviço e sacrifício. A sala de aula não pode ser o vertedouro das frustrações complexos de quem detém o toco de giz.

Ela desrespeita a inocência das crianças. Contra a vontade unânime dos parlamentos do país, introduz pela janela a ideologia de gênero nas salas de aula enquanto os valores saem pela porta.

Ao se tornar alavanca ideológica, a Educação não estimula o respeito à propriedade privada, nem o empreendedorismo, nem o valor econômico do conhecimento e das competências individuais.

Tal sistema, quando fala em escola de tempo integral, mais me assusta do que me alegra!










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