Rainer Zitelmann
De acordo com a biografia de Walter Isaacson sobre Elon Musk, nos primeiros anos de 2000, após vender a empresa PayPal, Musk estava sentado com alguns dos antigos colegas da empresa em Las Vegas e um deles perguntou o que ele planejava fazer em seguida. Musk respondeu: “Vou colonizar Marte. Minha missão na vida é fazer da humanidade uma civilização multiplanetária.” A reação de seu ex-colega? “Cara, você está maluco.”
É verdade, Musk ainda não foi a Marte; mas ele construiu a empresa espacial privada mais bem-sucedida, com foguetes muito melhores e mais baratos do que qualquer coisa já construída por agências espaciais governamentais.
Elon Musk conheceu o renomado engenheiro aeroespacial Robert Zubrin, fundador da Sociedade Marte, em um jantar em 2001. Cinco anos antes, Zubrin havia ganhado reconhecimento generalizado por seu livro inovador The Case for Mars: The Plan to Settle the Red Planet And Why We Must (em português, O Caso de Marte: O Plano para Colonizar o Planeta Vermelho e Por Que Devemos Fazê-lo). Inspirado pela visão e paixão de Zubrin pela exploração de Marte, Musk fundou a SpaceX apenas seis meses após esse encontro, com o objetivo principal de levar humanos ao planeta vermelho.
Embora tenha havido um longo período de estagnação no financiamento estatal para viagens tripuladas ao espaço após o pouso na lua e o custo de um lançamento espacial tenha permanecido estático por 40 anos, graças à introdução principalmente de veículos de lançamento reutilizáveis, a empresa de Elon Musk, SpaceX, conseguiu reduzir os custos de lançamento em um fator de cinco na última década. A conquista de Marte tornou-se mais realista.
Quase trinta anos após o lançamento de seu primeiro livro sobre Marte, Robert Zubrin recentemente publicou um novo livro (The New World on Mars: What We Can Create On the Red Planet – em português, O Novo Mundo em Marte: O Que Podemos Criar no Planeta Vermelho), que se destaca ao apresentar as bases econômicas para a colonização de Marte. O objetivo de médio prazo de Zubrin é estabelecer um assentamento de 50.000 indivíduos em Marte. Esse objetivo, embora ambicioso, é insignificante em comparação com a grande visão de Elon Musk, que prevê o envio de 1.000 espaçonaves, cada uma transportando 100 passageiros, para Marte a cada ano, durante dez anos, para estabelecer uma comunidade próspera de um milhão de pessoas no planeta vermelho.
Graças à avaliação de inúmeras missões não tripuladas a Marte, agora sabemos que Marte possui todos os recursos necessários para sustentar não apenas a vida, mas também o desenvolvimento de uma civilização tecnológica. Há abundância de água no planeta, embora em forma congelada. Marte também contém vastas quantidades de carbono, nitrogênio, hidrogênio e oxigênio, e todos em formas facilmente acessíveis para aqueles inteligentes o suficiente para usá-los. Mas como uma missão para conquistar Marte poderia ser financiada?
Segundo Zubrin, as etapas iniciais da colonização de Marte provavelmente seriam financiadas pelo governo, mas o envolvimento de investidores privados seria essencial para avançar. As condições adversas e a mão de obra limitada em Marte, ele explica, exigiriam que os colonos fossem altamente inovadores, desenvolvendo novas invenções e patentes para estabelecer uma economia sustentável. Isso, escreve Zubrin, exigiria avanços em tecnologias como engenharia genética a um ritmo muito mais rápido do que na Terra para garantir um fornecimento estável de alimentos. “A melhor fonte inicial, em grande escala, de renda em dinheiro que os colonos de Marte podem gerar virá da venda e licenciamento de propriedade intelectual.” Mais tarde, continua ele, eles abririam fluxos de receita adicionais, como imóveis, turismo, bens de luxo, esportes de espectador, exportações de materiais e mineração de asteroides, o que, do ponto de vista logístico, é cerca de 100 vezes mais fácil de apoiar a partir de Marte do que da Terra.
Zubrin está convencido de que tanto a conquista de Marte quanto sua subsequente colonização só podem ser financiadas sob o capitalismo. “A liberdade será necessária para nos estabelecermos no espaço. Precisaremos criar sistemas de lançamento, espaçonaves e sistemas de transporte espacial cada vez mais baratos e eficazes, e isso requer liberdade.” No entanto, Zubrin argumenta que a liberdade econômica não é apenas importante para enviar foguetes a Marte, mas ainda mais importante para sua colonização, pois somente a máxima liberdade econômica pode promover condições para estimular a inventividade e o empreendedorismo, e somente isso criará as bases necessárias para a sustentabilidade econômica de uma sociedade em Marte.
Zubrin está otimista de que Marte, assim como a América no passado, atrairá pessoas amantes da liberdade e energéticas. Afinal, sem a promessa de liberdade, a sociedade que surgir em Marte nunca seria capaz de atrair pessoas suficientes dispostas a correr os riscos e suportar as dificuldades necessárias para colonizar o planeta vermelho.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/a-liberdade-sera-necessaria-para-que-possamos-nos-estabelecer-no-espaco/
0 comments:
Postar um comentário