Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 1 de março de 2024

Entre a cruz e a espada

  Roberto Rachewsky 


Vivemos num país que parece estar entalado no passado pré-Iluminista. Vivemos entre a cruz e a espada que se confundem num único instrumento que serve ao mesmo tempo, os brutos e os místicos. 

Sócrates foi o primeiro a sucumbir à falta de razão. Foi vítima da democracia praticada a serviço da religião. Sócrates ousou desafiar os deuses, mas se dobrou à vontade majoritária, ela própria uma divindade. 

O Estado e a Igreja foram sócios na exploração dos povos por longo tempo. Promoveram destruição através das guerras infinitas que eram travadas em nome do Reino de um Deus e de um homem. 

Muitos governantes se associaram com a Igreja para impor pela força suas crenças. Religião é fé. Fé é crença. Crença é submissão. Submissão é a renúncia ao uso da razão e a aceitação do poder da autoridade. 

Foi o caso da França, da Espanha e Portugal, cujo marco é conhecido por Inquisição. Outros, resolveram criar a sua própria Igreja, foi o caso da Inglaterra e Dinamarca. 

Foi John Locke que tornou popular a doutrina do estado secular ou laico, uma ideia colhida nos rios de sangue que banharam a Europa por séculos de intolerância, desmedida cobiça e irrefreável irracionalidade niilista. 

Foi Thomas Jefferson que, como um pedreiro metafórico, erigiu o muro destinado a separar a força, da fé, o estado e a religião. Ótima tentativa de proteger a consciência do indivíduo, daqueles que acham que podem mandar na vida alheia, suprimindo a liberdade para pensar e agir de acordo com seu próprio julgamento. 

A moralidade que o ser humano precisa para viver não pode depender da vontade de um ser inexistente, criado por aqueles que querem determinar o destino dos outros a ferro e fogo. 

O ser humano tem natureza própria e características específicas determinadas pela realidade do cosmos, do universo onde estão incluídas as coisas que necessitamos para viver, inclusive nossa mente e nosso corpo. É do ser, da realidade objetiva, vista sob a lente da lógica, que precisamos derivar o dever que guiará por escolha nossas ações, como seres racionais que somos. 

A filosofia, a ciência, a ética, a política, a economia, contém princípios intrínsecos que precisamos conhecer e seguir se quisermos prosperar em paz.










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