Jornalista Andrade Junior

domingo, 31 de março de 2024

Ao contrário do que defendem os inflacionistas, a deflação é uma coisa boa

 Por Soham Patil


Um vídeo recente da CNN defende que preços mais baixos são ruins para a economia dos Estados Unidos e que os consumidores devem se acostumar com os novos preços mais altos. O vídeo chega a dizer: "Nunca mais vamos pagar os preços de 2019". O vídeo afirma que a deflação é responsável por uma longa lista de problemas, incluindo demissões, alto desemprego e queda da renda. Os americanos deveriam simplesmente se acostumar a pagar mais e mais a cada ano e ficar felizes com isso. Na verdade, a deflação é boa para os consumidores, apesar das alegações dos economistas inflacionistas.

A conclusão de que a inflação é uma coisa boa é alcançada pela má gestão dos termos econômicos. Enquanto a economia austríaca aceita que a inflação é a expansão da oferta monetária, a economia convencional afirma que a inflação é um aumento no nível geral de preços em uma economia. Essa definição distorcida permite concluir erroneamente que a inflação causa prosperidade ao aumentar os lucros e a renda por meio de preços mais altos ao consumidor. O problema com isso é que a "inflação de preços" também é frequentemente causada pela inflação real: o aumento da oferta monetária. Um aumento na oferta monetária vem da criação de unidades adicionais de moeda ex nihilo, do nada. A riqueza dos poupadores é diluída pela expansão da oferta monetária, o que leva às dificuldades que muitos americanos enfrentam.

Além disso, embora o vídeo afirme que a pandemia pode ter causado o aumento dos preços, ele não pode explicar o crescimento contínuo dos preços mesmo depois que os efeitos da pandemia diminuíram. A pandemia não é responsável pela tendência contínua de aumento de preços, mas sim o crescimento da oferta monetária.

Figura 1: M2 nos Estados Unidos, 1959-2024

 

Embora a oferta monetária de dólares tenha aumentado constantemente nas últimas décadas, um salto significativo pode ser visto após 2019, quando as políticas monetárias expansionistas do Federal Reserve causaram um grande aumento na oferta monetária. Esse crescimento, não compensado por produção adicional devido à pandemia, causou a inflação de preços que muitos agora atribuem exclusivamente à pandemia. A verdade é que, se a pandemia foi a causa da subida significativa dos preços, a ausência da pandemia deveria ser responsável por um período deflacionário proporcionalmente drástico depois. Isso nunca ocorreu e, portanto, a oferta monetária pinta um quadro mais honesto de inflação do que qualquer índice de uma coleção de preços jamais poderia.

Por outro lado, a deflação, em oposição à inflação, é muitas vezes uma coisa boa para os consumidores. A deflação significa que a mesma unidade monetária vale mais hoje do que ontem. Assim, os consumidores podem comprar mais hoje do que ontem. Em vez de serem ativamente empobrecidos durante as condições de inflação, os consumidores ficariam mais ricos em tempos de deflação.

A razão pela qual muitos economistas são rápidos em defender a inflação como criadora de prosperidade é porque os bancos centrais se utilizam de políticas monetárias expansionistas para impulsionar temporariamente a economia, aumentando a demanda agregada. Várias dessas políticas, muitas vezes especificamente a redução das taxas de juros, causam um ciclo de boom e bust. Quando a oferta monetária é ampliada e o crédito barato é abundante, as empresas são capazes de assumir projetos ambiciosos que talvez não tivessem sido capazes anteriormente. Os maus investimentos (malinvestments) resultam da expansão insustentável do crédito criada por taxas de juros extremamente baixas. Há maior demanda pelos fatores de produção, e observa-se um aumento nas métricas convencionais de crescimento econômico, como o Produto Interno Bruto.

Durante o processo de malinvestment, ocorre um aumento do emprego devido às empresas terem acesso a crédito barato e fácil, permitindo maiores gastos das empresas. No entanto, quando as empresas perdem acesso a crédito barato e fácil, devido aos bancos centrais terem que priorizar a redução da inflação, empregos são perdidos. Estas perdas de postos de trabalho não são culpa da deflação, mas sim dos maus investimentos durante os booms econômicos. Sem o malinvestiment e a inflação, os recursos teriam sido investidos em empreendimentos mais rentáveis, fazendo melhor uso desses recursos.

O crédito artificialmente barato causa uma má alocação de recursos ao distorcer as informações de preços. Eventualmente, uma crise deve seguir o boom. Nesse período, a deflação geralmente ocorre devido a atores do mercado chegarem a avaliações mais realistas dos fatores de produção. Depois que essas avaliações realistas acontecem, os consumidores podem pagar menos por seus bens e serviços, pelo menos até que o banco central provoque o próximo ciclo de boom e bust.

Em conclusão, seria errado apontar a deflação como um problema potencial para a economia. Fazer isso seria confundir a causa e o efeito de como a oferta monetária afeta uma economia. Ao contrário do vídeo da CNN, o Federal Reserve ao longo de sua história não ajudou a causa dos consumidores, o que é evidenciado pelo crescimento exponencial dos preços desde sua fundação.

 

*Este artigo foi originalmente publicado em Mises Institute.














publicadaemhttps://mises.org.br/artigos/3315/ao-contrario-do-que-defendem-os-inflacionistas-a-deflacao-e-uma-coisa-boa

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