Percival Puggina
Quando tudo parece muito ruim;
quando ministros do STF proferem decisões como quem dispara o gatilho e
quando leem a Constituição como magos em torno de obediente bola de cristal;
quando quem tem o dever constitucional de reagir não o faz;
quando quem tem o dever moral de denunciar, aplaude ou silencia;
quando a violência judicial é incitada pela orquestração midiática;
quando um ladrão pode concorrer à presidência da República e tantos não se importam com isso;
quando o Big Brother sem votos mudou-se para a cobertura e vai deixando vítimas,
devemos começar a pensar sobre o que vem depois.
Sim, porque haverá um depois. Hoje, o Brasil está assim, mesmo com nossa intimidade e nossos direitos de opinião e expressão respaldados pela claudicante Constituição Federal e legitimados pelo resultado eleitoral de 2018.
Mas, e se o pior acontecer? Se a nação for levada ao desvario pela manipulação midiática, da qual as cenas teatrais da última segunda-feira, representam um pequeno espasmo dos contorcionismos cotidianos no carretel dos noticiários? Se o poder que tudo pode se sentir legitimado, a ditadura consolidar-se na cobertura e os ratos ocuparem o prédio?
Na reta final da eleição mais decisiva de nossa história, somos levados a entender que os passos já foram dados, os postos tomados, as portas aferrolhadas. A grama do vizinho pisoteada; sua porta arrombada; já levaram seu computador, seu celular, seus papéis; já vieram buscá-lo. Mas aquilo não era com você, certo?
Há mais de um século é contada a sequência dessa história. Os que hoje trovejam o horizonte nacional, são fraternais amigos de ditadores vizinhos e distantes que estão fazendo exatamente isso. Outubro é logo ali. Faça a sua parte.
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