"Lula à caça do joio",

 por Sergio Mello - Defensor Público

Eu tive a infelicidade de ler na internet que alguns “evangélicos” comemoram a anulação do processo de Lula e seu retorno à batalha política. Afora a imensa insegurança jurídica que isso traz, tem outros malefícios piores do que esse.

A afirmação anterior, de introdução, é uma só que contém duas amarguras: a anulação do processo e a comemoração. Se não for fake news, Bolsonaro terá perdido algumas ovelhas (ovelhas, será?). Eu acredito que não seja fake news. Tem muito joio misturado no trigo.

A ideia de Deus sempre permeou a mente humana. Mas existem aqueles que não acreditam nem que Deus possa ser uma simples ideia. E tem gente que trabalha muito esta hipótese. Hoje em dia, de fato, é muito mais fácil duvidar de alguma coisa do que acreditar. A política esquerdista usa este artifício enganoso. Se é que a esquerda acredita em alguma coisa que não seja em seus delírios, Deus, para ela, é uma ideia, um delírio, um nada que tem que ser extirpado da mente humana de uma vez por todas para abrir espaço no vazio deixado.

Se Lula convencer algum evangélico por meio deste argumento de tábula rasa (iniciar uma nova sociedade do zero) não terá feito nada além do que sempre faz, que é corromper. E tem muita gente fácil de ser enganada por meio da religião, da fé, pois vulnerável à ação do mestre do engano, do maligno.

Lula e esses tais evangélicos são farinha do mesmo saco. Confundem comunismo com cristianismo, com um coletivismo anti-liberdade disfarçado desse negócio de “amor ao próximo”. Muitos virão em meu nome, disse uma vez Jesus Cristo em tom mais do que profético. Quem perde com isso? O próprio Jesus e o anseio de salvação cristã.

A religião está perdendo seu lugar próprio, o coração. Isso não vem de hoje. Por meio de uma religião disfarçada, o martelo e a foice estão dando lugar para outros tipos de símbolos e bandeiras (cores, preconceito, desigualdade, pobreza, etc.). Mais gente conseguiu bem-estar (telefone e carro, casa e alimento, etc.), mas isso é obra do próprio capitalismo, não do socialismo. E ainda assim o ser humano continua sendo preconceituoso. Será que não é porque o único lugar em que os males humanos desaparecem é na mente delirante dos comunistas e socialistas?

Quem entra nesse jogo político, se deixa ser manipulado, não é evangélico coisa nenhuma. Quem é cristão sabe muito bem o que significa amar, doar, ser justo. E não é por meio de ideias racionais que cuidam de um ser humano abstrato. É no dia-a-dia que essas virtudes se dão, sem interferência de intermediários que se julgam superiores por tais “virtudes”.

Assim como têm muitos que se fazem de pastor de ovelhas, também tem muita ovelha que não é ovelha coisa nenhuma. É o joio no meio do trigo.

Lula pode até enganar os “evangélicos” e estes podem até enganar Lula, mas nenhum dos dois conseguem enganar a Deus.

Sergio Mello. Defensor Público no Estado de Santa Catarina.

Jornal da Cidade

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