de Luís Ernesto Lacombe
Gênios da lâmpada não há. Um cílio que cai e é prensado entre dedos, a hora de soprar as velinhas no bolo de aniversário, a primeira estrela que se vê ao anoitecer, nada disso nos garante a realização de desejos. Desejar livremente, sim, todos nós podemos. Quantas vezes quisermos, nas mais variadas situações, em todos os momentos, um dia inteiro, a madrugada adentro. As vontades seguem numa prece, numa oração, numa reza, em meditações, em suspiros. E é no fim do ano que somos empurrados, mais do que nunca, a fazer pedidos. Se acreditamos em maior ou menor grau que se realizarão, isso depende da fé e da esperança de cada um, do poder que botamos em nós mesmos e tiramos do imponderável e, não tem jeito, da compreensão da realidade, das reais possibilidades.
Preparei minha lista de desejos para 2021. Estava longa, tirei a raiz quadrada, subtraí, eliminei um bocado dela. A vontade era ter nas presidências da Câmara e do Senado políticos honestos, competentes. Entre os deputados, alguém assim até se apresentou, mas não está no páreo. O jeito é querer parlamentares que abandonem o oportunismo, o egoísmo, que entendam que há uma agenda no Congresso que não é de um governo, é de um país. Reforma Tributária, Reforma Administrativa... Posso querer que o Congresso trabalhe como nunca, com produtividade, objetividade, com a maioria pelo bem do Brasil? Então, a Reforma Política e a Reforma do Judiciário também estão entre os meus desejos para o ano que vem.
O Supremo Tribunal Federal terá um novo ministro. Marco Aurélio Mello se aposentará em julho do ano que vem. Desejo que seja indicado para o lugar dele um juiz que respeite e defenda a Constituição. Quero um STF que julgue o que deve ser julgado, que prenda quem deve ser preso, que mantenha preso quem não deve ser solto, que não seja, como disse o jurista Modesto Carvalhosa, um “garantidor do crime”, que não atire contra a Operação Lava Jato, que não alimente a impunidade. Quero um Supremo que não invente um “inquérito do fim do mundo”, que não queira ser “o editor do Brasil”, que não censure, não persiga, não penalize a opinião, a crítica, a liberdade de expressão. Um STF que não crie aberrações, que não extrapole sua competência, não faça ativismo judicial, não pretenda ser Legislativo, Executivo. Não quero outro Nunes Marques.
Considerando um desejo apenas tudo o que mentalizo para o STF, acredito que tenho direito a mais um pedido... Que em 2021 caiam todas as máscaras, que as falsas promessas de proteção e segurança condenem seus autores. Que os interesses políticos e comerciais nessa guerra contra o vírus chinês sejam escancarados. Chega de atos ditatoriais disfarçados de medida sanitária. Mais cuidados verdadeiros, reais, menos demagogia e hipocrisia. A liberdade não vai continuar doente, jamais permitiremos. O vírus não se rende a ameaças autoritárias, nós também não.
Gazeta do Povo
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