Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 22 de setembro de 2020

"Paulo Coelho e a Amazônia: A traição de um medíocre transformado em gênio bilionário da literatura",

  escreve José J. de Espíndola


Era o que faltava! Paulo Coelho junta-se ao bando de traidores da Pátria ao recomendar ao mundo boicote a produtos brasileiros.

Certamente o ‘mago’ está preocupado com os incêndios na Amazônia e no Pantanal, o que é muito justo. São catástrofes, em parte, devidas às desídias de vários governos – não só do atual - mas também, e principalmente, devidas ao aquecimento global. Mas o aquecimento global não deve ser tomado como biombo a esconder a responsabilidade dos governos.

O que surpreende é que Paulo Coelho, ao tempo em que trai o povo brasileiro com o seu pedido de boicote, esquece os incêndios históricos que estão atacando os Estados Unidos e a Austrália, pelas mesmas causas do aquecimento global. Além de traíra do Brasil comporta-se com desavergonhada parcialidade. Poderia ao menos tentar, com os seus poderes de ‘mago’, apagar os incêndios no país que lhe serviu de berço.

A convocação ao boicote feita por Paulo Coelho reveste-se de relevância por ser ele figura muito conhecida no mundo, pelas suas publicações. Ele é um fenômeno editorial, sem que isto signifique que seja um portento de qualidade. Longe disso, na minha opinião.

Eu li um, e somente um, livro do Paulo Coelho. Trata-se de o Diário de um Mago, um dos primeiros por ele publicados, se não o primeiro.

E posso afirmar: não foi fácil a leitura. Apenas queria estar preparado para uma eventual crítica ao escritor, quando e se a oportunidade aparecesse.

O livro conta a história (supostamente autobiográfica) de um mago (quer dizer, de um farsante) que teve recusada - pelo seu chefe espiritual - uma espada (dessas que se encontram facilmente em lojas de alguns países) porque – pressentiu o seu Grande Mestre – o discípulo não tinha ainda consciência perfeita do porquê possuir a bendita espada. Para adquirir tal consciência, foi-lhe ordenado percorrer o caminho de Santiago de Compostela.

O livro trata basicamente desse percurso, todo acidentado, cheio de encontros com demônios os mais variados, inclusive um em forma de um grande cão preto. Isto me deixou particularmente furioso porque, na época, eu tinha um labrador da cor preta, uma joia de cão, muito amado e que, até hoje, me enche de saudade. Mas o cão do “mago” era um particular diabo e – estava escrito! – haveria, como houve, um encontro fatal. O mago, não me lembro como, venceu a batalha, o cão evaporou-se, penetrou no solo e o seu guia lhe avisou que aquela terra havia se tornado bem mais fértil, com a adubação provida pelo demônio. Brilhante, não?

As peripécias continuaram até que, ao entrar nas ruínas de uma antiga igreja, veio a epifania: o “mago” entendeu porque queira a espada. (Como já sugeri, poderia ter comprado uma, mas ele a queria entregue pelo seu Mestre) Só que, e este é o grande arremate, o ‘grand finale’ da ópera bufa, o “mago” entendeu também – como parte da epifania – que não podia revelar a razão de querer aquela espada. Aquela razão ele tinha que manter com ele e só ele.

Então fica-se assim: o leitor lê toda aquela baboseira na expectativa de conhecer as razões para o mago obter sua espada e, ao final da castigante leitura, é frustrado por não saber o porquê de tamanho empenho por uma espada. (As pessoas normais certamente entenderam que o “mago” escritor, afinal, não tinha razão alguma para ter a espada, a não ser como decoração de ambiente.) Eis a razão porque este foi o primeiro e o último livro de Paulo Coelho que eu li. Saco para aturar tais sandices tem seus limites.

Mas o fato inegável é que Paulo Coelho foi (ou ainda é, não sei) um fenômeno editorial. Tendo vendido cerca de 300 milhões de livros, tornou-se milionário, foi morar na Suíça e abandonou o Brasil, sem que para cá tenha voltado, segundo consta, desde 2007.

Este texto não tem a pretensão de explicar o fenômeno editorial de Paulo Coelho. Mas, pessoalmente, penso que o fenômeno é produto da mesma cultura que parece ensinar – tacitamente, claro - que a música começou com bandas de rock, como a dos Rolling Stones (por exemplo) e atingiu seu apogeu artístico com Michael Jackson, Amy Winehouse, Madonna e Anitta, entre tantos outros que, como Paulo Coelho, enriqueceram, ou tornaram-se milionários produzindo lixo cultural.

‘There is a madness around’, falou-me, certo dia, um professor da Universidade de Cambridge, durante um almoço no restaurante do Arantes, que fica no deslumbrante Pântano do Sul, em Floripa.

Esta frase, para mim, explica a inversão cultural que assola a humanidade e transforma medíocres em gênios bilionários da música e da literatura.











publicadaaemhttp://rota2014.blogspot.com/2020/09/paulo-coelho-e-amazonia-traicao-de-um.html

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