Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Brasil vive sob ditadura do Supremo e Toffoli não aceita “ataques ao Judiciário”

Carlos Newton

Com o Supremo Tribunal Federal vivendo a pior fase de sua História, ao abrir e levar adiante um inquérito ilegal destinado a blindar dois de seus ministros, as respectivas mulheres, um senador e o próprio pai, que é presidente da República, a nação já tem motivos de sobra para constatar que se encontra sob um novo tipo de “ditadura”, fruto de pacto entre os três Poderes.
Os chamados cidadãos de bem, com um mínimo de preparo intelectual, já perceberam que o país está vivendo em clima de Teatro do Absurdo, imortalizado por autores como o irlandês Samuel Beckett, o romeno Eugène Ionesco, o francês Arthur Adamov  e o espanhol Fernando Arrabal.
ENREDOS SURREAIS – Como ocorre no Teatro do Absurdo, os enredos da política brasileira são surreais, muitos deles sem possibilidades de existirem na vida real.
Quem poderia imaginar que o Supremo pudesse abrir um inquérito flagrantemente ilegal, com base em rito do Regimento que é incompatível com a situação? Mas o presidente do STF, Dias Toffoli, teve essa desfaçatez e ganhou apoio entusiasmado do ministro Alexandre de Moraes, indicado relator, que deu segmento à ilegalidade.
O resultado é que 134 brasileiros apanhados na malha fina da Receita, por inconsistências em suas declarações de renda e patrimônio, de uma hora para outra se tornaram cidadãos acima de qualquer suspeita, como no genial filme de Elio Petri.
BLINDAGEM TOTAL – Entre centenas de blindados estão Dias Toffoli e a mulher Roberta Maria Rangel, Gilmar Mendes e a mulher Guiomar Feitosa, além do senador Flávio Bolsonaro e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, sem falar no próprio presidente da República e na primeira-dama – todos eles protegidos pelas artimanhas de Toffoli e Moraes, que estão entre os atores centrais desse Teatro do Absurdo.
A audácia dos autores dos roteiros é tamanha que não se importaram em incluir sob a blindagem muitos criminosos de altíssima periculosidade, que mandam decapitar os desafetos, como os chefes das facções PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), que estavam sendo investigados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Enquanto nossa matriz USA dispõe de 22 órgãos contra lavagem de dinheiro, semelhantes ao Coaf, a matriz Brazil conseguiu desmontar sua única e solitária instituição,  e isso ocorreu para atender aos interesses de meia dúzia de políticos, neste pacto sinistro celebrado entre os três Poderes, vejam a que ponto chegamos.
“HOMENAGEM” – Do alto de sua soberba, o presidente do Supremo foi “homenageado” nesta sexta-feira, em São Paulo, num evento estrategicamente organizado pelo deputado por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, que também tenta se livrar de prestar contas à lei. Empolgado com o apoio dos sindicalistas, Dias Toffoli advertiu que não aceita ataques ao Supremo.
“Não há democracia sem o STF”, disse, assinalando que há setores da sociedade e do parlamento que não entendem ou não querem entender essa realidade. “O Supremo passou a ser alvo de ataques, ataques à própria cúpula do Judiciário, ao próprio STF. Atacar o Judiciário é atacar cada um dos cidadãos brasileiros”, alegou.
“É uma garantia para a democracia que não tenhamos um STF que seja submisso, um STF que não abaixe a cabeça, um STF que possa decidir com toda a liberdade e autonomia para fazer cumprir a Constituição”, salientou Toffoli, que merece pelo menos o Oscar de Ator Coadjuvante, porque os prêmios de Melhor Ator e Melhor Diretor já foram subtraídos por Alexandre de Moraes, o Yul Brynner dos Trópicos, e por Gilmar Mendes, o Laurence Olivier do Cerrado.
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P.S. 1 – 
Esses três ministros do STF pensam (?) que o show já terminou, mas acontece que ainda há juízes em Brasília. Eles estão calados, estupefatos, mas quando se pronunciarem, a Praça dos Três Poderes há de sofrer um abalo. Desculpem, mas tenho essa esperança e ainda acredito no Brasil.

P.S. 2 – No sábado, nova homenagem a Toffoli, defendendo a atuação do Supremo. com  estranha cobertura do Jornal Nacional. Uma matéria esquisitíssima, parecia encomendada… (C.N.)



















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