Por Claudio Dantas, O Antagonista
Após a prisão de Orlando Diniz pela Lava Jato do Rio no ano passado, a Fecomércio-RJ sofreu processo de intervenção, com auditoria em dezenas de contratos e convênios suspeitos.
O relatório dessa auditoria, obtido em primeira mão por O Antagonista, aponta repasses superiores a R$ 162,9 milhões a escritórios de advocacia, sem “prova efetiva” da execução dos serviços.
Notificada, a Fecomércio chegou a apresentar notas fiscais, recibos e faturas. Entretanto, não conseguiu “atestar a vinculação dos serviços prestados às finalidades institucionais do Sesc-ARRJ”.
Além disso, “não foram apresentados os comprovantes de efetivos depósitos, cópia dos contratos e respectivos aditivos, bem como prova da efetiva execução dos serviços”.
Uma “derradeira notificação” foi expedida em vão à Fecomércio-RJ para que apresentasse documentação que corroborasse os serviços alegados.
Esse levantamento agora deverá ser incorporado às investigações da Lava Jato sobre os repasses suspeitos a grandes e médios escritórios de advocacia, alguns vinculados a familiares de desembargadores e ministros de tribunais superiores.
O Antagonista revelou no ano passado que o campeão em recursos da Fecomércio (R$ 68 milhões) na gestão de Diniz foi o escritório de Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, advogados de Lula. Fernando Fernandes, que defende Paulo Okamotto, recebeu R$ 4,2 milhões.
A banca de Eduardo Martins, filho de Humberto Martins, atual corregedor nacional do CNJ, obteve R$ 25 milhões, enquanto outros R$ 12,8 milhões foram para a de Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz.
Estão ainda na lista de contratados da Fecomércio os escritórios de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, com R$ 20 milhões; Ana Basílio, mulher de desembargador do TRF-2, com R$ 13 milhões, e Paulo César Salomão Filho, sobrinho do ministro do STJ Luís Felipe Salomão, com R$ 4,8 milhões.
A Lava Jato também tem no radar outros escritórios de Brasília mais conhecidos por serviços de lobby.
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