Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

'Il Corriere della Sera' revela carta com dura resposta do Papa a pedido de Maduro

AFP

CIDADE DO VATICANO — O Papa Francisco enviou uma dura resposta ao pedido de mediação feito pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na qual o pontífice recorda que, no passado, o chefe de Estado quebrou todos os compromissos estabelecidos, de acordo com o documento vazado pela imprensa italiana nesta quarta-feira.

Uma foto com o cabeçalho da carta foi publicada pelo jornal italiano Il Corriere della Sera. Na imagem, é possível ler, em espanhol, que a carta é dirigida a Sua Excelência o Sr. Nicolás Maduro, e não ao presidente da Venezuela.
A carta, datada de 7 de fevereiro e enviada pelo Papa argentino, não foi confirmada nem negada pelo porta-voz interino do Vaticano, Alessandro Gisotti, que assegurou que se trata de uma "carta particular".
"Infelizmente todas as tentativas (de mediação) foram interrompidas porque o que foi decidido nas reuniões não foi seguido por gestos concretos para alcançar os acordos", lamenta o Papa Francisco na carta, segundo o resumo do jornal.
O conteúdo do texto seria uma resposta dura e decisiva do pontífice ao pedido de mediação feito no início de fevereiro por Maduro para interceder na crise venezuelana.
Na carta, o Papa lembra que o Vaticano esteve envolvido no passado sem sucesso em outras tentativas de mediação e adverte Maduro, com um tom elegante, que, embora sempre tenha apoiado o diálogo, exige que esse diálogo tenha como objetivo, "acima de tudo, o bem comum".
Segundo o jornal italiano, que teve acesso a toda a carta, Francisco enfatizou que hoje mais do que nunca é necessário preencher todas as condições "para um diálogo frutífero e eficaz", ao qual outras seriam acrescentadas "como resultado da evolução da situação".
Entre essas condições, destaca os jornal, estão as manifestadas pela Assembleia Nacional.
Segundo o artigo, assinado pelo jornalista Massimo Franco, próximo ao pontífice, na carta o Papa não se pronuncia sobre o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, assunto sobre o qual mantém uma posição "prudente".
"Além da cautela diplomática, a opinião de Francisco e de seus conselheiros sobre Maduro é negativa", resumiu Franco.
O jornalista recorda que o grande temor do primeiro Papa latino-americano é que a crise se degenere em um "derramamento de sangue", como destacou na mensagem, e não exclui que "estenda a mão", embora avisando que "não vai deixar ser usado pelo regime".
No início de fevereiro, Nicolás Maduro disse que escreveu ao Papa Francisco pedindo a sua ajuda e mediação.
"Enviei uma carta ao Papa Francisco. Disse a ele que estou a serviço da causa de Cristo (...) e nesse espírito peço sua ajuda, em um processo de facilitação e reforço do diálogo", afirmou o líder venezuelano. "Peço ao Papa para fazer seus melhores esforços, para colocar sua vontade, para nos ajudar no caminho do diálogo, espero receber uma resposta positiva."
Na sequência, o Papa disse que o Vaticano estava disposto a mediar a situação na Venezuela, caso fosse requerido pelos dois lados. O pontífice salientou, no entanto, que medidas preliminares de aproximação deveriam ser tomadas antes.
— Vou ler a carta e ver o que pode ser feito, mas a condição inicial é que ambos os lados a solicitem. Estamos dispostos.
Dado o fracasso das rodadas anteriores de diálogo, incluindo uma liderada pelo Vaticano, os oponentes de Maduro suspeitam da iniciativa e acreditam que o presidente venezuelano se aproveita das conversas para continuar a reprimir protestos e perpetuar-se no poder.
Francisco acrescentou que uma mediação formal deveria ser vista como um último recurso na diplomacia.










extraídaderota2014blogspot

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