CIDA DAMASCO O Estado de S.Paulo
As principais candidaturas à sucessão de Temer estão postas. Especialmente as das pontas do espectro político-partidário. A grande interrogação, nesse pedaço, é o destino da candidatura Lula, se houver mesmo um impedimento judicial: o PT vai firmar pé no “Lula ou nada”, como seus dirigentes têm alardeado, ou vem aí um Plano B, e se vier quem será o escolhido? As vagas mais ao centro é que ainda estão sem ocupantes definidos. Por enquanto, os sinais são de que Alckmin e Doria, este em recente “viés” de baixa, concorrerão, os dois. E ainda pode haver uma brecha para alguém tido como “afastado” da política tradicional, como Henrique Meirelles – que enfrenta o desafio de se amparar na política econômica do governo Temer sem aparecer para o eleitorado como o candidato do próprio Temer, um presidente com taxa de apoio de míseros 3%. Se é verdade que pesquisa eleitoral é o “retrato do momento”, declaração à qual recorrem os candidatos que estão mal na foto, como os vários “momentos” de 2018 irão impactar a economia? Definitivamente, no ano que vem será impossível apegar-se ao argumento de que a economia está descolada da política.
A julgar pelas sondagens com empresários e consumidores, as expectativas em relação a 2018 são favoráveis. Nos levantamentos mais recentes da Fundação Getulio Vargas, referentes a setembro, o indicador de incerteza da economia havia caído, a confiança empresarial havia subido, disseminada entre os setores, e a confiança do consumidor também havia subido, embora com mais cautela. A novidade, na comparação com outros meses deste ano é que, com algumas variações, agora há otimismo em relação ao futuro e também à situação atual – antes, mesmo quando o indicador era positivo no conjunto, a visão favorável referia-se mais ao comportamento da economia nos meses à frente do que ao presente, sugerindo que, no fundo, havia mais esperança do que previsão em bases realistas.
Nos setores empresarial e financeiro a pergunta de 1 milhão de dólares hoje é qual a possibilidade real de um candidato chegar ao poder com agenda nitidamente antimercados e interromper essa trajetória. Por agenda antimercados, entenda-se paralisação de reformas, medidas intervencionistas e uma certa frouxidão no trato das contas públicas. Na visão desses analistas, a ligação política-economia, nessas circunstâncias, pode funcionar como um círculo vicioso. Se não houver uma percepção do conjunto da população de que a economia está em bom estado – e nisso a velocidade e o tamanho da queda do desemprego têm papel crucial –, uma candidatura desse tipo pode ter impulso. E esse impulso acabará refletindo no próprio desempenho da economia. Os mercados provavelmente atravessariam um período de fortes turbulências.
Da mesma forma, representantes desses setores questionam se será viável um candidato patrocinar um programa econômico que vá mais fundo tanto no corte de gastos, como na liberalização das relações trabalhistas e ainda no programa de concessões e privatizações – “vender a Petrobrás, por que não?”, diriam alguns, fazendo coro a uma declaração intempestiva de um ministro, prontamente retificada.
Fora desse circuito, tudo o que o conjunto da população quer saber é se terá empregos e salários decentes, educação, saúde, segurança e assim por diante. No momento, empresários, investidores e cidadãos comuns assistem, uns com “pulseirinha VIP” e outros na arquibancada, à luta dos principais partidos políticos para sobreviver à Lava Jato e ao esfacelamento do quadro político. Mas todos só estão à espera do apito final em 2018.
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