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EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
Plenamente reabilitado, o ex-ministro Carlos Lupi se junta a um grupo formidável de companhias que Lula e Dilma vêm acumulando ao longo dos anos
Em 2011, no início de seu mandato, a presidente Dilma Rousseff promoveu uma suposta “faxina ética” em sua equipe, demitindo vários ministros enlameados. Entre eles estava o titular da pasta do Trabalho, Carlos Lupi, de quem se dizia estar envolvido em desvio de verbas públicas – mas que agora é candidato a senador pelo Rio de Janeiro com total apoio da presidente.
Presidente nacional do PDT, que manipula como quer, Lupi e seu partido tornaram-se peças-chave na frente de apoio à reeleição de Dilma. Se no passado recente cometera pecados tão graves como o de transferir dinheiro público para ONGs suspeitas, o que o levou a merecer a defenestração do ministério, Lupi certamente deve ter dado provas cabais nesse meio tempo de que se regenerou. Tanto que, agora, a presidente o considera digno de ocupar uma cadeira no Senado.
A reabilitação completa de Lupi diante de Dilma fecha de vez o teatrinho montado em 2011. Afinal, a substituir o demitido ministro naquele ano, foram nomeados alguns correligionários da mesma legenda que, posteriormente, tornaram-se também suspeitos de agir de forma idêntica. Como desde logo se viu, a tal faxina operada há três anos não apenas no Trabalho, mas também em cinco outros ministérios, não passava de uma obra de fancaria – tanto em relação aos ”malfeitos”, como dizia Dilma, quanto aos malfeitores.
Em torno deste episódio, há comportamentos de sabugismo explícito que hoje se explicam e se expõem com a clareza de uma piada de mau gosto: à época de sua humilhante demissão, Carlos Lupi ainda assim dispôs-se a afagar com um beijo a mão que o apedrejou e, em seguida, declarar-lhe amor: “Presidente Dilma, eu te amo!”, disse ele em depoimento a uma comissão de investigação instalada na Câmara Federal. Interessada no seu apoio, Dilma cobra-lhe o gesto: “O Lupi é nosso candidato ao Senado, que já fez várias declarações de amor. E eu espero que ele mantenha as declarações de amor que fez ao longo da vida”, afirmou a presidente em evento de campanha ao lado do amoroso ex-pecador.
Apesar das tonalidades quase surreais que envolvem o caso, ele não deve ser tido como uma exceção. A prática demonstra o quão relativo é o entendimento sobre ética e moral em certas paragens do olimpo político e, de modo especial, do PT. Basta observar as alianças que Lula e Dilma construiram em torno de suas candidaturas e de outros nomes do partido. Alvos de ataques ferozes do PT no passado, os ex-presidentes da República e hoje senadores José Sarney e Fernando Collor de Mello são grandes amigos de Lula, tanto quanto Paulo Maluf, um dos protagonistas de uma das fotos mais constrangedoras da história política brasileira, em que aparece ao lado de Lula e do então candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012.
A lista não acaba aí: faz apenas poucos dias que Lula, em ato a que esteve presente no Pará, pediu ao candidato ao governo daquele estado, Helder Barbalho (PMDB), que não se envergonhasse do pai, o senador Jader Barbalho – que, em 2001, renunciou ao mandato sob acusação de desvio de verbas na Sudam. As palavras do ex-presidente: “Helder, você tem de dizer que é filho [de Jader] com muito orgulho”. E repetiu o mesmo conselho para o companheiro petista Paulo Rocha, ex-deputado federal que também renunciou ao mandato, em 2005, ao se ver envolvido no esquema do mensalão – depois foi absolvido pelo STF por falta de provas. Orgulhoso com o incentivo que recebeu de Lula, Rocha fechou os punhos e ergueu o braço – assim como o fizeram José Genoino e José Dirceu a caminho da prisão.
E assim Dilma e Lula vão construindo sua turma, sem nenhum pudor.
fonte avarandablogspot
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