Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

O RABO DO CACHORRO DE ALCEBÍADES

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 “Deixem o povo conhecer a verdade, e o país estará salvo.”  Abraham Lincoln  Um dos cidadãos mais controversos da Grécia antiga, era um general chamado Alcibíades (450 a 404 a.C.).

Apesar de ter se distinguido como militar, foi um político corrupto, demagogo e inábil.  

Ele possuía um cachorro de estimação, de tamanho e forma excepcionais, que adquirira por sete mil dracmas.   

Certa feita, em plena praça pública, e sem motivo aparente, Alcibíades desembainhou sua espada e decepou o rabo do pobre animal.  

A notícia da crueldade rapidamente se espalhou por toda Atenas e, enquanto alguns cidadãos lamentavam o episódio, outros tentavam sondar suas possíveis causas.  

Poderia ter sido para prevenir a raiva, como os gregos acreditavam?  

Uns admitiam que o cão sem rabo caça melhor, além de evitar lesões. Outros alegavam que fora por motivos estéticos.  

O certo é que o pretexto permanecia um mistério e, durante muito tempo, não havia reunião, pública ou privada, em que não se falasse do rabo do cão de Alcibíades.  

Procurado por seus amigos, que pensaram que ele ficara louco, Alcibíades apenas riu e disse: "É exatamente isso que eu quero. Enquanto o povo fala sobre o rabo do cachorro, se esquecem de falar mal do meu governo".  Passados tantos séculos, o rabo do cachorro ganhou nova roupagem e intensidade.  

Agora chama-se “narrativa” e, às centenas, ocupam as discussões cotidianas do brasileiro médio.  

Mas seu objetivo é o mesmo: distrair o povo com uma miríade de picuinhas que não tem a menor importância no contexto atual (golpe, jóias, viagens, vacinas, fugas, Mariele, sala VIP de aeroporto italiano et cetera). 

 Criadas e impulsionadas por uma mídia canalha, e fomentadas em meio a um povo mal instruído, desorganizado e alienado, encobrem as verdades que precisamos, definitivamente, enfrentar e resolver: a Constituição falha, o sistema político podre, a ditadura do judiciário, a baixa qualidade da educação nacional.  

A verdade sempre teve uma vida difícil, em especial em sociedades pouco desenvolvidas como a nossa.  Infelizmente, num país com poucos HOMENS e, ainda, menos livros, a verdade está sempre escamoteada pelo “rabo do cachorro”. E assim, os reais problemas são esquecidos, como também eram esquecidos os defeitos de Alcibíades. 

Sete de Setembro vem aí.  Está na hora de focar no que interessa.

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