Jornalista Andrade Junior

domingo, 22 de setembro de 2024

e 'A nova face do ódio'

 Ana Paula Henkel


No ultimo domingo, 15 de setembro, Donald Trump sobreviveu a uma segunda tentativa de assassinato, apenas há dois meses de ter escapado de um tiro na cabeça em um comício na Pensilvânia. Depois de se esconder por 12 horas, um atirador alinhou um rifle AK47 com mira telescópica através da cerca de arame que rodeava o resort onde Trump jogava golfe com amigos na Flórida. Os tiros que poderiam ter matado o candidato republicano só foram evitados pela rápida ação de um agente do Serviço Secreto que disparou contra o atirador antes de uma possível tragédia. Em uma postagem de abril no X, o quase assassino que foi capturado depois de fugir do local, Ryan Routh, alegou que o ex-presidente Donald Trump “tornaria os americanos escravos novamente” e que “democracia estava na cédula”. 

Em maio deste ano, o consagrado e desmiolado ator Robert De Niro desenterrou a cartilha de demonização de inimigos políticos e em uma performance patética vomitou a ladainha dos lunáticos que querem, literalmente, dizimar seus oponentes. Em tom além de raivoso, De Niro chamou o ex-presidente de um “perigo” para os americanos e disse: “Donald Trump quer destruir Nova York, destruir a América e ele vai acabar destruindo o mundo. E, se você o reeleger, ele nunca deixará o cargo. Não quero te assustar. Não, espera, talvez eu queira te assustar. Se Trump retornar à Casa Branca, você pode dar adeus a essas liberdades que todos nós tomamos como certas. Ele se tornará um ditador para o resto da vida! E eleições? Esqueça isso. Acabou. Acabou. Se ele entrar, posso te dizer agora mesmo: ele nunca vai embora. Ele nunca vai embora. Você sabe disso. Ele nunca vai embora.” 

Há anos, o mesmo tipo de linguagem incendiária tem sido usada pela velha mídia corporativa esquerdista para difamar e desumanizar Trump. No provável único debate com Kamala Harris, Trump ligou a tentativa de assassinato à retórica dos democratas: “Provavelmente levei um tiro na cabeça por causa das coisas que dizem sobre mim. Eles falam sobre democracia — sou uma ‘ameaça à democracia’, mas eles são uma ameaça à democracia.” Mas o que os democratas tanto proferiram contra Donald Trump? 

Bem, basta uma rápida pesquisa, e apenas os primeiros exemplos são estarrecedores: • “Trump é uma ameaça à nossa democracia e às liberdades fundamentais” — Kamala Harris • “É hora de colocar Trump no alvo” — Joe Biden • “Não podemos dar a este homem muito perigoso outra chance de fazer mal ao nosso país e ao mundo” — Hillary Clinton 20/09/2024, 13:00 A nova face do ódio - Revista Oeste https://revistaoeste.com/revista/edicao-235/a-nova-face-do-odio/ 3/11 Ora, o que as pessoas fariam diante do “novo Adolf Hitler”? Ao longo da história, a retórica tóxica e cheia de ódio tem mostrado ser uma força poderosa, capaz de incitar violência, fomentar divisões e justificar atrocidades. 

E, claro, um dos exemplos mais infames disso é a era de Hitler, na qual a propaganda nazista, sob a liderança de Adolf Hitler, desempenhou um papel crucial na disseminação de mensagens profundamente antissemitas e racistas. A desumanização dos judeus foi central na retórica nazista, com Hitler e seus propagandistas retratando-os como ameaças sub-humanas à “raça ariana” e à “ordem democrática alemã”. Essa representação justificou medidas cada vez mais severas contra a população judaica, culminando nos horrores do Holocausto. Os discursos de Hitler e a narrativa nazista de culpar os judeus pelos problemas econômicos da Alemanha e pela derrota na Primeira Guerra Mundial alimentaram ainda mais as chamas do ódio. 
O genocídio cambojano sob o regime do Khmer Vermelho, ou Partido Comunista do Kampuchea, o partido governante do Camboja de 1975 a 1979, é outro exemplo de como a retórica tóxica pode ter consequências mortais. Em quatro anos, cerca de 1,7 milhão de pessoas morreram enquanto o Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, buscava “depurar” a sociedade cambojana de qualquer um associado ao governo anterior, intelectuais e outros “inimigos do Estado”.
 
A • “Os republicanos são uma ameaça à democracia? Sim. Eles vão colocar a vida das pessoas em perigo? Sim” — Tim Walz, governador de Minnesota e vice na chapa de Kamala Harris • “Trump é uma ameaça à nossa democracia como nunca vimos antes” — Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara (House) e um dos mais proeminentes nomes do partido • “Trump é um inimigo dos Estados Unidos” — Steve Cohen, deputado democrata pelo Tennessee.

“Trump é destrutivo para a nossa democracia… ele tem que ser eliminado” — Dan Goldman, deputado democrata por Nova York e relator de um dos pedidos de impeachment de Donald Trump.

Ora, o que as pessoas fariam diante do “novo Adolf Hitler”? 

Ao longo da história, a retórica tóxica e cheia de ódio tem mostrado ser uma força poderosa, capaz de incitar violência, fomentar divisões e justificar atrocidades. E, claro, um dos exemplos mais infames disso é a era de Hitler, na qual a propaganda nazista, sob a liderança de Adolf Hitler, desempenhou um papel crucial na disseminação de mensagens profundamente antissemitas e racistas. A desumanização dos judeus foi central na retórica nazista, com Hitler e seus propagandistas retratando-os como ameaças sub-humanas à “raça ariana” e à “ordem democrática alemã”. 

Essa representação justificou medidas cada vez mais severas contra a população judaica, culminando nos horrores do Holocausto. Os discursos de Hitler e a narrativa nazista de culpar os judeus pelos problemas econômicos da Alemanha e pela derrota na Primeira Guerra Mundial alimentaram ainda mais as chamas do ódio.

O genocídio cambojano sob o regime do Khmer Vermelho, ou Partido Comunista do Kampuchea, o partido governante do Camboja de 1975 a 1979, é outro exemplo de como a retórica tóxica pode ter consequências mortais. Em quatro anos, cerca de 1,7 milhão de pessoas morreram enquanto o Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, buscava “depurar” a sociedade cambojana de qualquer um associado ao governo anterior, intelectuais e outros “inimigos do Estado”. A • “Os republicanos são uma ameaça à democracia? Sim. Eles vão colocar a vida das pessoas em perigo? Sim” — Tim Walz, governador de Minnesota e vice na chapa de Kamala Harris • “Trump é uma ameaça à nossa democracia como nunca vimos antes” — Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara (House) e um dos mais proeminentes nomes do partido • “Trump é um inimigo dos Estados Unidos” — Steve Cohen, deputado democrata pelo Tennessee • “Trump é destrutivo para a nossa democracia… ele tem que ser eliminado” — Dan Goldman, deputado democrata por Nova York e relator de um dos pedidos de impeachment de Donald Trump retórica baseada em classes de Pol Pot retratava esses grupos como “parasitas” que precisavam ser erradicados. A desumanização de segmentos inteiros da população permitiu que o regime realizasse assassinatos em massa e forçasse milhões de pessoas a campos de trabalho, onde muitas morreram de fome e sob enorme brutalidade.

Mais recentemente, grupos islamistas radicais, como o ISIS e a AlQaeda, usaram retóricas inflamadas por puro ódio para recrutar seguidores e justificar violências terríveis. Suas mensagens muitas vezes distorcem textos religiosos para enquadrar suas ações como parte de uma guerra santa contra infiéis, desumanizando aqueles fora de sua ideologia. 
Ao glorificar o martírio e os atos de violência, esses grupos apelam a indivíduos vulneráveis, convencendo-os de que o terrorismo é uma forma justa e necessária de resistência. A retórica tóxica de tais grupos tem inspirado inúmeros ataques terroristas ao redor do mundo, perpetuando um ciclo de radicalização e violência. O uso dessa linguagem desempenhou um papel crucial ao transformar o medo e o ódio em ação violenta na humanidade. 
Quando a retórica explora preconceitos, medos ou inseguranças profundamente arraigados, pode romper barreiras morais, fazendo com que a violência pareça uma resposta justificada ou até necessária. Isso é especialmente verdadeiro quando tal retórica vem de líderes influentes que podem usar seu poder para unificar as pessoas em torno de uma causa destrutiva. A exemplo do que ocorreu em regimes totalitários e autoritários, o uso da linguagem inflamatória tem sido uma ferramenta recorrente para moldar percepções e manipular o comportamento das massas. Um olhar crítico sobre o passado e o presente revela como essa retórica, que já foi usada contra comunidades marginalizadas, foi reformulada e redirecionada em diferentes contextos políticos. No início do século 20, esse nocivo caminho através das palavras foi utilizado pelo Partido Democrata para justificar políticas racistas que afetaram severamente a população negra. As Leis Jim Crow, implementadas pelo partido de Joe Biden, Kamala Harris e Hillary Clinton, permitiram a segregação racial nos Estados Unidos de maneira histórica. 
Através de uma narrativa que desumanizava os afro-americanos e os retratava como uma ameaça à ordem social, o partido legitimou a repressão violenta e institucionalizada contra a população negra. Discursos que associavam os negros ao crime, à inferioridade e à corrupção moral que ruiria os pilares americanos eram amplamente difundidos, resultando em décadas e décadas de discriminação sistemática. Hoje, é possível observar uma nova forma de discurso divisório sendo usada em diferentes frentes, e o cenário político contemporâneo oferece um paralelo assustador. 

Nos últimos anos, a retórica política nos EUA se tornou cada vez mais polarizada, e um novo alvo dessa linguagem inflamatória tem sido o ex-presidente Donald Trump e seus apoiadores. Desde 2016, o Partido Democrata vem caracterizando Trump e seus eleitores como uma ameaça à democracia americana, retratando-os como racistas, xenófobos e até mesmo fascistas. 

Na corrida presidencial daquele ano, a candidata democrata, Hillary Clinton, chamou os apoiadores de Donald Trump de “cesta de deploráveis”. Discursando em um evento para arrecadar fundos, ela disse que eles eram “racistas, sexistas, homofóbicos, xenófobos, islamofóbicos — o que você quiser. Você poderia colocar metade dos apoiadores de Trump no que eu chamo de cesta dos deploráveis”.

Joe Biden, em um discurso para a nação em 2022, também fez questão de repetir o palavrório nocivo contra os opositores políticos: “Donald Trump e seus republicanos MAGA [Make America Great Again] representam o extremismo que ameaça as fundações de nossa república. Eles são uma ameaça a este país”. 

Essa retórica ajudou a mobilizar uma base de eleitores radicais democratas, ao passo que criou uma linha divisória rígida entre os dois lados do espectro político. Da mesma forma que discursos tóxicos do passado justificavam a marginalização de determinados grupos, o discurso atual dos democratas contribui para a desumanização de adversários políticos, pintando-os como inimigos da nação e — sim, Joe Biden — colocando um alvo em suas costas. 

O perigo da nova esquerda radical “woke“, seja nos EUA, no Brasil, seja em qualquer parte do mundo, está exatamente na sua insistência de que há apenas uma maneira moralmente aceitável de ver o mundo — a deles Não é preciso ter mais do que dois neurônios para entender que as tentativas de assassinato contra Donald Trump podem ser atribuídas à atmosfera hostil criada por esse discurso não apenas polarizador, mas que insiste que o republicano é uma verdadeira ameaça a tudo que a América significa desde a sua fundação. 

Ao empregar esse tipo de linguagem, assim como no passado, retóricas de ódio com divisões intransponíveis seguem firmemente sendo estabelecidas. E isso é planejado. O perigo da nova esquerda radical “woke“, seja nos EUA, no Brasil, seja em qualquer parte do mundo, está exatamente na sua insistência de que há apenas uma maneira moralmente aceitável de ver o mundo — a deles. Aqueles que não seguem rigidamente suas diretrizes são rotulados como inimigos da justiça e da democracia e merecem o fim — literalmente. A mesma retórica tóxica que foi usada no passado para desumanizar e demonizar certos grupos agora é usada sob o manto da “salvação das democracias”. 

Atentado contra Trump 

Os democratas inauguraram a corrida presidencial deste ano com uma cascata de litígios criminais para colocar seu principal oponente político sob cerco judicial. Trump enfrentou quase cem acusações federais e locais em casos iniciados por promotores políticos ligados ao Partido Democrata e determinados a prender a ameaça mais proeminente contra mais quatro anos na Casa Branca. Depois, tentaram tirar o nome de Donald Trump das cédulas das primárias republicanas em alguns estados, ação política que foi impedida pela Suprema Corte Americana que votou — de maneira unânime — pela permanência do nome de Trump em todas as cédulas eleitorais. 

Se alguma vez houve alguma dúvida sobre quem é, de fato, uma ameaça à democracia americana, basta olhar para quem continua sofrendo perseguições e atentados. Parece que as seguidas tentativas de assassinato contra Trump mostram que os verdadeiros neofascistas não querem Trump nas cédulas, e nem mais atrás das grades — mas em um caixão. 





Ana Paula Henkel, Revista Oes
























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