Percival Puggina
Com abstenção superior a 50%, a presidência do Chile caiu nas mãos de Gabriel Boric, ex-líder estudantil cuja biografia é uma short list. Fora a intensa militância, inclui apenas dois mandatos como deputado atuando nas pautas da esquerda.
Na eleição presidencial, fez apenas 25% dos votos totais, correspondendo a 55% dos votos válidos.
Assim como Boric era um comunista que se deslocou para a centro-esquerda, seu adversário, José Antônio Kast, era um fã de Pinochet que se deslocou para a centro- direita. Ambos buscaram ocupar o espaço menos radical até agora majoritário em sucessivas eleições chilenas.
Logo após a eleição de Boric, a bolsa caiu e o dólar subiu, refletindo receio em relação às alterações já anunciadas na política econômica do país. Quanto aos aspectos culturais, as dúvidas são ainda menores. O Chile, infelizmente, vai para o lado exitoso do conflito cultural que está erodindo o Ocidente com péssimos resultados e nenhuma alternativa que possa ser sustentada num debate honesto.
Fica a advertência aos brasileiros, amuados com a política nacional, que prenunciam sua abstenção. Queiram ou não, tornam-se corresponsáveis pelos resultados, sejam quais forem. A omissão produz consequências eleitorais! É uma forma ininteligível de voto, mas afeta ao resultado do pleito.
Os eleitores descontentes, que apreciariam um Congresso Chileno mais qualificado, ao ficarem em casa nas eleições de primeiro turno, certamente deixaram sem mandato muitos bons congressistas. E por ai vai a omissão, fazendo sucessivos estragos. Atenção, Brasil!
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