por Carlos Sampaio
Neste 7 de Setembro os brasileiros sairão às ruas em protesto. Não é somente um protesto de DIREITA contra ESQUERDA. Não!
O protesto neste 7 de Setembro é um protesto de PESSOAS DIREITAS!! De brasileiros que não se calam. Que não aceitam grilhões, coerção ou prisão moral!
Protesto de trabalhadores que pagam impostos e sustentam autoridades que comem lagostas e só bebem vinhos caros vencedores de concursos internacionais.
Acontece no feriado da Independência do Brasil, porque malandros protestam nos dias de trabalho e TRABALHADORES escolhem os domingos e os feriados. É um protesto de ÓDIO SANTO, como o de CRISTO quando expulsou os vendilhões do templo.
Assim, trago a vós, as palavras selecionadas de nosso maior jurista, Rui Barbosa, em sua “Oração aos Moços”, disse ele aos brasileiros:
“Porque o ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.
Vêde Jesus despejando os vendilhões do templo, ou Jesus provando a esponja amarga no Gólgota. Não são o mesmo Cristo, esse ensanguentado Jesus do Calvário e aqueloutro, o Jesus iroso, o Jesus armado, o Jesus do chicote inexorável?
Não serão um só Jesus, o que morre pelos bons, e o que açoita os maus?
Nem toda ira, pois, é maldade; porque a ira, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha, muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura. Ora deriva da tentação infernal, ora de inspiração religiosa. Comumente se acende em sentimentos desumanos e paixões cruéis; mas não raro flameja do amor santo e da verdadeira caridade.
Quando um braveja contra o bem, que não entende, ou que o contraria, é ódio iroso, ou ira odienta. Quando verbera o escândalo, a brutalidade, ou o orgulho, não é agrestia rude, mas exaltação virtuosa; não é soberba, que explode, mas indignação que ilumina; não é raiva desaçaimada, mas correção fraterna.
Então, não somente não peca o que se irar, mas pecará, não se irando.
Cólera será; mas cólera da mansuetude, cólera da justiça, cólera que reflete a de Deus, face também celeste do amor, da misericórdia e da santidade.
É a hora das responsabilidades, a hora da conta e do castigo, a hora das apóstrofes, imprecações e anátemas, quando a voz do homem reboa como o canhão, a arena dos combates da eloqüência estremece como campo de batalha, e as siderações da verdade, que estala sobre as cabeças dos culpados, revolvem o chão, coberto de vítimas e destroços incruentos, com abalos de terremoto.
Ei-la aí a cólera santa! Eis a ira divina!
Quem, senão ela, (a cólera santa) há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco?
Quem, senão ela, exterminar da ciência o apedeuta, o plagiário, o charlatão?
Quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino?
Quem, senão ela, varrer dos serviços do Estado o prevaricador, o concussionário e o ladrão público?
Quem, senão ela, precipitar do governo o negocismo, a prostituição política, ou a tirania?
Quem, senão ela, arrancar a defesa da pátria à covardia, à inconfidência ou à traição?
Quem, senão ela, a cólera do celeste inimigo dos vendilhões e dos hipócritas?
A cólera do Verbo da verdade, negado pelo poder da mentira?
A cólera da santidade suprema, justiçada pela mais sacrílega das opressões?”
Neste 7 de Setembro, o espirito indomável de Rui Barbosa, nosso maior jurista, também caminhará junto aos brasileiros gritando por liberdade e justiça. Marcharão juntos, cheios de arrebatamento majestoso, repetindo:
- “O ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino”.
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