Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

"O que matou Isabelli?",

 por Guilherme Fiuza

Aos 16 anos, ela sofreu uma anemia hemolítica nos dias seguintes ao recebimento da vacina. É o que mostra o seu prontuário hospitalar


Isabelli Borges Valentim, de 16 anos, tomou a primeira dose da vacina contra covid-19 (Pfizer) no dia 25 de agosto. Morreu de infarto no dia 2 de setembro, em São Paulo. Sobre o caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou uma nota emitida pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Governo do Estado de São Paulo — assinada por representantes do Grupo de Trabalho em Eventos Adversos Pós-Vacinação da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações (GT-EAPV-CPAI). A nota diz que não identifica relação entre a vacina e a morte de Isabelli.

“Não é possível atribuir diretamente a doença e o óbito à vacinação. Tal caso não pode ser usado como sinal de segurança, muito menos ser justificativa para alterar a estratégia de vacinação de adolescentes sem comorbidades”, conclui a nota do Grupo de Trabalho, emitida pelo CVE. Na breve justificativa, o documento assinala que “o grupo concluiu que a paciente não apresentou qualquer doença cardiológica”. O atestado de óbito diz que Isabelli morreu de choque cardiogênico e infarto do miocárdio.

A nota sobre a investigação do GT-EAPV-CPAI afirma que “o quadro clínico e os exames complementares sugerem púrpura trombótica trombocitopênica (PTT)”. “A PTT é uma doença rara e grave, normalmente sem uma causa desencadeante conhecida. Apesar da relação temporal com a vacinação, não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina covid-19 de RNAm.” Isabelli nunca apresentou, nos seus 16 anos de vida, nenhum sinal de doença autoimune — nem PTT, nem outra qualquer.

Isabelli começou a passar mal menos de 24 horas depois de vacinada

A deputada Janaina Paschoal apresentou um requerimento de informação à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo com uma série de questionamentos sobre o caso de Isabelli Borges Valentim e sobre a conclusão das autoridades de saúde. Em um trecho de suas ponderações, a deputada escreve o seguinte:

“Muito embora a equipe de especialistas tenha declarado, superficialmente, que não há conexão entre a vacina e a morte da adolescente, não evidenciou de forma categórica que a doença, por si só, teria levado a jovem à morte, não fosse a vacina.”

Isabelli começou a passar mal menos de 24 horas depois de vacinada — com dores de cabeça, tontura e falta de ar. O quadro evoluiu para dormências pelo corpo, alteração na fala, lapsos de consciência e crises convulsivas até a internação da adolescente na UTI do Hospital Vida’s.

No seu requerimento, a deputada Janaina assinala que “é importante entender até que ponto a vacina não agiu como catalisador para a manifestação da PTT, haja vista a existência de relatos em outros países de situações semelhantes”. Ela prossegue: “Imperioso mencionar que no sítio oficial do governo do Reino Unido, no dia 3 de setembro de 2021” — coincidentemente no dia seguinte à morte de Isabelli —, “publicou-se haver evidências de associação entre vacinas contra covid-19 (com tecnologia de RNAm, a mesma da fabricante Pfizer) e miocardites”.

Como se vê, a conclusão da junta de especialistas do Estado de São Paulo avalizada pela Anvisa — determinando não haver relação identificável entre a vacina e a morte de Isabelli — suscita um universo de dúvidas. A deputada observa ainda a falta de orientação às famílias sobre riscos de efeitos adversos a longo prazo associados às vacinas, especialmente na adolescência — conduta que informa ter identificado em outros países, valorizando a importância da autonomia do paciente na decisão com seu médico.

Isabelli sofreu uma anemia hemolítica — destruição súbita e avassaladora das hemácias — nos dias seguintes ao recebimento da vacina. É o que mostra o seu prontuário hospitalar. Ela não tinha nenhum sinal de anemia anteriormente à vacina contra covid. Esse quadro evoluiu para convulsões até chegar ao infarto agudo do miocárdio que a matou.

Enquanto a mãe de Isabelli, Cristiane Borges, tenta em meio à sua tragédia buscar o conhecimento completo sobre o que fez a vida da sua única filha acabar aos 16 anos de idade, autoridades e veículos de comunicação sentenciam sumariamente que a vacina é inocente. É muito importante que os esclarecimentos suficientes sobre esse caso sejam feitos.

Se você acha que esse problema não é seu, você está enganado.









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