Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

"Filhas solteiras da Câmara têm renda bruta acima de R$ 50 mil",

 revela Lúcio Vaz


Pensionistas filhas solteiras de servidores da Câmara dos Deputados têm renda bruta que supera os R$ 50 mil. Trinta delas têm remuneração bruta acima do teto constitucional – R$ 39,3 mil – com o valor médio de R$ 43 mil. Somando com as pensões das filhas de ex-deputados, com valores mais “modestos”, a conta anual chega a R$ 48 milhões.


A maior renda bruta é de Raíssa Nascimento Guerra – R$ 54,7 mil. A remuneração fixa é de R$ 34,6 mil, mas ela conta ainda com R$ 10,8 mil de vantagens de natureza pessoal e R$ 9,2 mil de cargo em comissão, ambos incorporados à remuneração do servidor que deixou a pensão. O abate-teto chega a R$ 15,4 mil. Juntos, só os dois penduricalhos somam R$ 20 mil – o equivalente a três vezes o teto do INSS.


A renda média das pensionistas filhas solteiras de servidores está em R$ 22,5 mil, mas 58 delas têm remuneração acima dos R$ 30 mil, com valor médio de R$ 38,6 mil. Quatro pensionistas com renda bruta em torno de R$ 40 mil não descontam imposto de renda, por serem portadores de doenças previstas na Lei 7.713/1988. Recebem líquido R$ 35,5 mil – mais que o salário bruto dos deputados. A mais idoso desse grupo tem 86 anos.


As filhas solteiras são muito longevas. Entre as filhas de servidores, a média de idade é 57 anos. Entre as 52 idosas, com mais de 60 anos, a média de idade é 70 anos. A mais idosa é Iris Ozeas Motta, de 99 anos. A pensão teve início em março de 1947, há 74 anos, portanto. A sua renda bruta é R$ 44,3 mil, com abate-teto de R$ 5,7 mil. Só o seu cargo em comissão incorporado chega a R$ 9,9 mil. (Veja abaixo as maiores rendas)


Pensões parlamentares

Além das filhas de servidores, há as filhas solteiras de ex-deputados. São 28 atualmente, o que resulta numa despesa anual de R$ 2,8 milhões. As maiores pensões são de R$ 16,9 mil – exatamente a metade do salário dos parlamentares. Mas algumas acumulam outros rendimentos. Regina Zaniolo de Carvalho, por exemplo, recebe pensão parlamentar de R$ 11,6 mil bruto, desde 1981, mais a aposentadoria de R$ 46,7 mil bruto, com R$ 7,1 mil de abate-teto, como analista legislativo inativa da Câmara. Ela é filha do ex-deputado Aroldo Carneiro de Carvalho (Arena-SC), que foi deputado federal de 1959 a 19.


É permitido a acúmulo de pensão parlamentar com outras fontes de renda porque o extinto Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), extinto em 1999, era considerado como entidade de direito privado. A União, ou seja, o contribuinte, ficou responsável pelo pagamento das aposentadorias e pensões já criadas e aquelas que viessem a ser criadas. O orçamento da Câmara para essa despesa neste ano é de R$ 119 milhões.


Entre as filhas solteiras que recebem o teto das pensões parlamentares estão Ângela Cavalcanti Ferraz, filha do ex-deputado Paulo da Silva Ferraz (Arena-PI), que foi deputado federal de 1967 a 81 e morreu no exercício do cargo. O ex-deputado Pedro Carneiro (Arena-PA) esteve no cargo por apenas 14 meses, de fevereiro de 1971 a 4 abril de 1972. Deixou pensão para Neuza Rodrigues Carneiro. Ele também foi suplente de senador, pelo PSD, por curtos períodos de 1966 a 68.


O deputado Rubens Bernardo (Guanabara), que exerceu o cargo de 1954 a 73, pelo PTB e MDB, morreu de uma forma violenta, ao reagir a um assalto em sua casa, em fevereiro de 1973. Deixou pensão para a filha Regina Bernardo Carneiro. Helena Sumiko Hirata, filha do ex-deputado João Sussumo Hirata (Arena-SP), que foi deputado de 1965 a 74.



Veja as maiores rendas

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RAISSA MIRIAM NASCIMENTO GUERRA 50 15/02/1982 54.699 -15.406

MARIA  DA SILVA MARTINS PEREIRA 53 25/09/1989 52.742 -13.448

ANA PAULA PEREIRA FONSECA  AIRES 47 19/11/1990 52.604 -13.311

FATIMA CRISTINA SANTIAGO  REZENDE 54 26/03/1985 52.361 -13.068

ANA LUIZA ROMARIZ 45 24/02/1987 51.575 -12.282

ROSA VIANNA DA FONSECA SARAIVA 87 12/12/1986 44.896 -5.603

MARCIA DE ASSIS  RODRIGUES MARTINS 52 27/02/1984 44.492 -13.327

IRIS OZEAS MOTTA 99 19/03/1947 44.333 -5.761

MARYLUCI  MORAES FRANÇA 71 02/11/1980 44.021 -4.728

CACILDA CASTELO PAES LIMA 66 16/03/1989 43.873 -4.580

NORMA DE ALENCAR ROMERO 73 09/02/1987 43.567 -4.273

HELENA DE AZEVEDO  LUCCI 67 30/07/1985 43.489 -4.195

REGINA LOUREIRO  STAVALE 55 02/07/1981 43.254 -3.960

JACY ARRUDA PINTO 70 27/08/1985 42.912 -3.619

HEYRONIDES  COSTA TRINDADE 56 22/01/1980 41.784 -2.490

Fonte: Câmara dos Deputados


Gazeta do Povo
















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