Profissionais estão denunciando a precariedade do sistema, que já foi a vitrine do regime comunista
Dagomir Marquezi, Revista Oeste
Dezenas de médicos cubanos resolveram desafiar o regime comunista e protestar contra a péssima situação da saúde no país. Eles gravam suas mensagens vestindo avental e revelam o nome completo. O doutor Héctor Santiesteban Fuentes, por exemplo, declarou: “eu quero denunciar o colapso do sistema de saúde em nosso hospital e em muitos outros… Esta é a realidade em que vivemos hoje”. A doutora Yolet Consuegra Levya disse que sua equipe é maltratada “todos os dias” pelas autoridades. “E na verdade somos nós que sustentamos esse país”.
O protesto, noticiado pelo jornal britânico The Times, é um duro golpe contra o mito sustentado pela ditadura segundo a qual o sistema de saúde cubano é um dos melhores do mundo. Isso tinha algum sentido quando a União Soviética sustentava o país, mas com o fim da mesada, o sistema desabou.
Segundo o Times, o país teve apenas 15 mil casos de infecção por covid-19 no ano passado. Mas o regime insistiu em produzir uma vacina própria e o número de infectados agora passou de meio milhão. Mais uma vez a ditadura vai ter que apelar para a caridade de regimes amigos, como a China e a Rússia. E os médicos resolveram abrir a boca.
O governo reagiu da forma que está virando rotina para os brasileiros – com um documento de 78 páginas listando o que pode e o que não pode ser dito nas redes sociais. O blogueiro cubano Norges Rodríguez acha que o protesto dos médicos é o “maior golpe que o regime já levou”, por causa do mito da saúde perfeita em Cuba. Agora ele e seus leitores estão tentando adivinhar qual setor estatal vai revelar seus rebeldes. “Se for a polícia, ou o exército, então esse regime vai cair”.
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