Jornalista Andrade Junior

domingo, 29 de agosto de 2021

ME ENGANA QUE EU GOSTO - ELE NÃO VAI RESOLVER

 ANDRADE JUNIOR


O Governador do Distrito Federal anunciou e empossou como novo Secretário de Saúde o General Manuel Pafiadache. Segundo o Governador, o general terá a missão de melhorar a questão da saúde Pública no Distrito Federal. Apesar da seriedade, competência e boa vontade que o General deve ter, infelizmente ele não vai conseguir resolver o problema da Saúde no Distrito Federal. 

Longe de mim querer "jogar praga" no trabalho que sequer conheço, mas o digo de experiência que tive e vivi na Secretaria de Saúde. O ano era 1986, nomeado para a Secretaria de Saúde um dos melhores, senão o melhor Secretário que o DF já teve, Dr. Laércio Moreira Valença. Me lembro como se fosse hoje. Em seu primeiro dia à frente da pasta, Dr. Laércio passou em minha sala e me chamou para acompanhá-lo. Naquela época a Secretaria ficava no Ed. Pioneiras Sociais 9º andar. 

Indaguei onde iríamos e ele disse, ali, vamos. Atravessamos a rua e fomos ao Hospial Sarah. Lá fomos recebidos por duas recepcionistas que nos levaram a dar uma volta por todo o complexo e, ao final, nos levaram à uma pequena sala, onde se encontrava um senhor, camisa branca, jaleco e gravata em frente a um computador. Era o Dr. Aluízio Campos da Paz, o gestor do Hospital Sarah. 

Sentado estava e continuou sem tirar os olhos da tela de seu computador. Dr. Laércio disse à ele, "eu sou o novo secretário de saúde". "Estou sabendo" respondeu o Dr. Aluízio e emendou "o que você quer?". Dr. Laércio não pensou duas vezes e disse, "quero ver como funciona o Sarah porque quero a rede de saúde pública funcionando bem tal qual o seu hospital. Dr. Aluízio deu uma boa gargalhada e retrucou "você jamais conseguirá isso". Chateado com a resposta Dr. Laércio perguntou os motivos e, de imediato, Dr. Campos respondeu "2 fatores são fundamentais e você não conseguirá. Primeiro é dedicação exclusiva. Todo servidor da área de saúde, do mais simples ao mais complexo, do porteiro ao cirurgião, tem que ter dedicação exclusiva, não pode ter dois, três ou quatro empregos como ocorre com grande parte de médicos, enfermeiros e outros profissionais. Segundo é salário, para dedicação exclusiva você tem que ter bons salários e isso é bem problemático na rede pública". 

Dr. Laércio comandou a Secretária de Saúde até 1988. Implantou uma série de importantes e inovadoras rotinas em toda a rede pública. Buscou uma série de exemplos no Sarah e desenvolveu várias atividades colocando, naquela época, ordem na rede de saúde. Infelizmente vieram os esquerdistas e conseguiram destruir tudo aquilo que havia sido implantado, fato que é praxe da esquerda. Não constroem nada, apenas destroem. 

Entre as medidas adotadas havia um centro, que funcionava no SIA, na área da Secretaria de Saúde, que reunia diferentes técnicos como engenheiros, administradores, médicos, desenhistas e outros que encontravam soluções para problemas nos hospitais ou até mesmo fabricavam peças, diminuindo os custos e faziam manutenção de aparelhos complexos, como tomógrafos, cintilógrafos e outros. Ele também estava implantando, naquela ocasião os "médicos de família". Abriu um concurso para o treinamento dos médicos que fariam um curso, no período de 4 anos e, depois eles ficariam nos hospitais e centros de saúde das cidades para o atendimento à população. O Secretário saiu um ano antes da conclusão do curso e o secretário seguinte, ao invés de ver e estudar o que seria aquilo, simplesmente acabou com o programa e o curso. 

É desolador, mas de lá para cá quase nada foi realizado no sentido da melhora do sistema de saúde, pelo contrário. Governadores entraram trocaram secretários como bem quiseram. Ora ninguém tem uma varinha mágica capaz de resolver tudo da noite para o dia. Um gestor precisa entrar no sistema, estudar e conhecer o que está, de fato, acontecendo. A partir daí um plano de curto, médio e longo prazo será traçado e posteriormente ser colocado em prática. Isso não vai ser feito em seis meses ou um ano. Não isso demanda tempo. A implantação pode até ocorrer em um prazo de seis meses ou um ano, mas os frutos do trabalho só serão conhecidos e terão eficácia dois, três ou mais anos de sua implantação. 

Lamento dizer, mas conheço bem a saúde pública do Distrito Federal, os problemas vão persistir mesmo com o conhecimento e a boa vontade do novo secretário.  

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