Criação de empregos foi a menor dos últimos dez anos, sinal de que perda de dinamismo da economia já afeta mercado de trabalho
Espécie de ilha em meio a indicadores pífios, o mercado de trabalho alcançou, no ano passado, resultado que sem dúvida pode ser considerado positivo --e surpreendente--, mas que nem por isso deixa de evidenciar a perda de dinamismo da economia brasileira.
Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho, criou-se 1,1 milhão de empregos com carteira assinada em 2013. O montante, está claro, não é nada desprezível.
Trata-se, porém, do pior saldo em dez anos. O número é 14% inferior ao registrado em 2012 (1,3 milhão de novas vagas formais) e confirma a tendência de desaceleração verificada a partir de 2010, quando o país gerou 2,5 milhões de postos de trabalho.
Verdade que o Caged mostra um retrato parcial, pois avalia somente os empregos com carteira assinada a partir de dados das empresas. Não captura, portanto, a informalidade nas relações de trabalho e a taxa de desemprego.
Para analisar essas questões, é preciso acompanhar a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, levantamento realizado em seis capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador) e que mede a criação total de vagas, formais e informais, por meio de consulta domiciliar.
Também aí o quadro é de arrefecimento. De janeiro a novembro de 2013, a taxa de desemprego média manteve-se semelhante à de 2012, mas sobretudo porque menos pessoas procuraram emprego. A criação de postos de trabalho, nesse intervalo, foi mais lenta.
Quanto à renda real (descontada a inflação), houve alta próxima a 2%. Embora respeitável, o ritmo caiu pela metade em relação ao período de 2007 a 2010.
Na semana passada, divulgou-se a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) contínua, nova medida de desemprego do IBGE. Com periodicidade trimestral e abrangendo 3.500 municípios, o estudo permitirá uma avaliação mais detalhada sobre o mercado de trabalho no país.
Como a série histórica do estudo é recente, e sua metodologia, diferente, são possíveis poucas comparações com os dados anteriores. Em todo caso, sabe-se, por exemplo, que a taxa de desemprego foi de 7,4% no segundo trimestre de 2013, de acordo com esse indicador, e que o índice subiu mais nas regiões Norte e Nordeste.
Seja como for, a resiliência do emprego, dada a letargia da economia, é notável. Para 2014, as projeções indicam crescimento baixo do PIB, da ordem de 2%. Inevitável, assim, que as perspectivas para o mercado de trabalho nos próximos anos sejam pessimistas.
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