Prof. Marcos Coimbra, Conselheiro
Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa, da Academia
Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
No antigo Núcleo
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, sob a direção do seu
então chefe Luiz Gushiken, um dos cenários prospectivos traçados partia da
premissa de que Lula seria o presidente da República em 2022, ano de
comemoração do bicentenário da independência do Brasil. Ora, isto só seria
possível de acontecer nas seguintes hipóteses. Na primeira, Lula conseguiria
obter, via plebiscitária, o direito de concorrer “ad eternum” à presidência, a
exemplo do já conseguido por Hugo Chávez e outros, sendo reeleito
continuamente. Na segunda, caso não conseguisse seu intento, elegeria um títere
em 2010, o que foi feito, retornando ao poder em 2014, sendo reeleito em 2018 e
permanecendo no poder até 2022.
Desta forma, o
PT permaneceria no poder para sempre, pois, após oito anos de administração
lulista, é evidente o quase completo domínio de todas as fontes geradoras de
poder por ele. Se não, vejamos. Mais da metade dos componentes das mais altas
cortes de Justiça do Brasil foi nomeada por Lula. O Legislativo é inteiramente
submisso aos seus caprichos. Inexiste uma oposição digna deste qualificativo.
Os sindicatos foram cooptados. Até as lideranças estudantis foram anuladas. A
mídia, com raras exceções, depende das verbas de publicidade da União e das
estatais. Quem diverge e verbaliza sua crítica é silenciado. A exposição
positiva de Lula é digna de um plano de Goebbels. Aparecia todos os dias em
praticamente todos os principais veículos de comunicação, em especial na
televisão, mais vista pelas classes D e E, segmentos mais importantes em uma
eleição. Lula é o pai dos pobres e a mãe dos ricos, aliança imbatível.
Imagine o
leitor mais doze anos de exercício na administração federal. Estaria
consolidada, de maneira irreversível, uma ditadura constitucional brasileira,
sem perspectiva de reversão. E o quadro de 2014 é assustador. Qualquer um dos
principais candidatos em potencial até agora citados representa a continuação
da mesma política de submissão aos interesses da banca internacional. As
recentes ações de Lula foram claras. Ele quer voltar a ser o primeiro
mandatário brasileiro. Dilma é apenas um instrumento para ele.
Caso, por
absurdo, algum outro político seja eleito, em uma hipótese bastante improvável,
não teria poder suficiente para mudar muita coisa na Economia do Brasil. Seria
alvo de uma oposição implacável por parte dos petistas, dos chamados movimentos
sociais e de outros segmentos hostis, que na prática inviabilizariam qualquer
projeto diferente do adotado por Lula, em continuação ao realizado por FHC, no
tocante aos aspectos econômico-financeiros.
A saída
estaria no surgimento de uma nova candidatura, capaz de representar uma opção
nacionalista no quadro existente. Porém, para ter chance de sucesso, deveria
ser apresentada pelo maior partido político do Brasil, o PMDB, em virtude de
sua capilaridade, do tempo no horário gratuito e da possibilidade de obtenção
dos R$ 400 milhões necessários, no mínimo, para bancar uma candidatura viável à
Presidência. Ocorre que este partido não pensa no poder como meio para
consecução dos Objetivos Nacionais, mas como um fim em si mesmo, para usufruto
das suas benesses.
Agora, mais do
que nunca, devemos realçar a importância da defesa daquilo que ainda é nosso.
De nossa cultura, de nossos valores, de nossos ideais, de nossas crenças, de
nossos princípios, de nossas riquezas legadas por nossos maiores. Não podemos e
não devemos envergonhar nossos antepassados. Vamos esquecer eventuais
divergências, colocar para longe efêmeras vaidades e lutar para que o nosso
país continue íntegro. Unirmo-nos enquanto é tempo, pois mais importante do que
a arma utilizada pelo guerreiro é aquilo que ele sente no seu coração e o que
pensa com sua mente. A solução para nossos problemas passa pela recuperação da
auto-estima nacional, pela volta dos sonhos legítimos de sermos uma grande
potência, com nossos irmãos tendo direito a uma vida digna. Não queremos nada
que não seja nosso. Exigimos apenas aquilo que já é nosso por gerações.
Nossos
recursos naturais abundantes, a capacidade de trabalho do povo brasileiro, a
habilidade de empreender característica de nossos empresários, a base econômica
instalada, a tecnologia gerada por nossa criativa gente assustam as potências
mundiais atuais. Por isto, eles não querem permitir nosso desenvolvimento. Tudo
é utilizado pelo Sistema Financeiro Internacional, pela Trilateral, pelos
detentores do poder econômico, para, inclusive, ridicularizar nossa fé.
Militarmente, impedem que sequer tenhamos condições de defesa do nosso
patrimônio. As Forças Armadas transformaram-se em Forças Desarmadas.
Economicamente,
submetem a Nação às regras do Sistema Financeiro Internacional, por intermédio
de seus agentes externos (FMI, Banco Mundial, BID, OMC, Diálogo Interamericano,
cujo ideário foi operacionalizado no denominado Consenso de Washington) e
internos (autoridades em postos de relevância formados no exterior com empregos
garantidos quando saírem do governo). Tentam eliminar a capacidade de
crescimento econômico e posterior desenvolvimento não só econômico como nacional,
por meio da desnacionalização da nossa economia ou de sua eliminação (em
especial, o segmento industrial), da subtração de nossas riquezas (através do
contrabando ou da compra a preços vis) e, principalmente, empregando a
privatização selvagem.Será que isto não é o bastante para despertar a
indignação do povo e motivar o início de uma campanha de âmbito nacional para
evitar a perda de nosso patrimônio? Infelizmente, o país já perdeu muito de seu
patrimônio e é chegada a hora de lutar para resgatar o que foi perdido. Vamos
lutar, ombro a ombro, para preservar o futuro de nossos descendentes. Afinal,
eles não nos perdoarão, caso não saibamos cumprir nosso dever.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
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