Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

- 'Confissões no tapete vermelho'  'Se não fosse o Lula o filme não existiria'

 Guilherme Fiuza 


— Parabéns pelo filme. 


— Dê os parabéns ao Lula.


- Foi ele quem dirigiu? 


— Não. 


— Foi ele quem patrocinou? 


— Não. 


— Foi ele quem inspirou? 


— Não. 


— Por que então parabenizá-lo? 


— Porque se não fosse ele o filme não existiria.


— Ah, ele produziu. 


— Não. 


— Distribuiu. 


— Não. 


— Divulgou. 


— Também não. 


— O que ele fez, então? 


— Foi eleito. 


— Certo. Mas por isso ele tem que ser parabenizado pelo filme? 


— Exatamente. 


— Pode explicar melhor?


 — Claro. A eleição dele impediu que o filme fosse censurado. 


— Ah, o governo anterior disse que ia censurar. 


— Não. 


— Bem… Por que você acha que seria censurado? 


— Acho, não. Tenho certeza. 


— Por que você tem certeza? 


— Porque é isso que ditadura faz: censura. 


— Era uma ditadura antes do Lula? 


— Era. 


— Outros filmes foram censurados? 


— Me recuso a responder. 


— Por quê? 


— É perigoso. 


— Mas o Lula não tirou a ditadura do poder? 


— Tirou. Mas tem o fantasma da ditadura. 


— Ah, é? Onde ele tá? 


— Por aí. 


— Que medo. 


— É assustador.


-  Vejo toda hora. 


— E o que você faz? 


— Ligo pro Lula. 


— Ele enfrenta o fantasma? 


— Só de ouvir a voz dele já me acalmo.


 — Que bom. O que ele te fala?


 — Cala a boca já morreu. 


— Bonito. E se ressuscitar é só até segunda-feira, né? 


— Isso. No máximo terça. 


— Estourando, quarta. 


— Enfim, ninguém tem nada com isso. Ressurreição é um estado de espírito. 


— E bota espírito nisso. 


— Importante é que a democracia voltou. 


— Viva ela! Agora fala um pouco do filme. 


— O que mais me emocionou foi o discurso do Lula na ONU. 


— Isso tá no filme? 


— Não. 


— Te perguntei do filme…


— Eu falo do que eu quiser. Não tente me censurar! 


— Desculpe. Não foi a minha intenção. O que mais te emocionou no discurso do Lula? 


— O Lula.


 — Ah, bacana. E quais são as suas principais referências históricas? 


— Além do Lula? — Sim. Se houver, claro. — Em segundo plano são muitas. 


— Pode dar alguns exemplos? 


— Claro: Odebrecht, OAS, Atibaia, Guarujá, Bumlai, Vaccari, Delúbio, Cerveró, Duque, Santana, Valério, Comperj, Compar, Abreu e Lima, Silvinho, pedalinho, Valdebran, Gedimar, Freud…


 — Ah, você é freudiano?


 — Sou. Mas não conta pra ninguém.

Guilherme Fiuza - Revista Oeste


























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