Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

O peso do dólar no bolso do povo – como a alta da moeda impacta os mais pobres

 ANDRÉPARIS/INSTITUTOLIBERAL 


A oscilação do dólar, especialmente sua alta, sempre esteve no centro das discussões econômicas no Brasil. A moeda norte-americana, uma referência global, tem efeitos diretos e indiretos em diversas camadas da economia, mas seu impacto é mais cruel para as classes menos favorecidas. Afinal, quando o dólar sobe, o preço não é apenas uma questão de câmbio, mas um reflexo em cascata que atinge desde o mercado internacional até a mesa dos brasileiros.


O Brasil, como grande exportador de commodities e importador de bens industrializados, é especialmente sensível às flutuações do dólar. Quando a moeda americana se valoriza, produtos e insumos importados ficam mais caros. Isso afeta desde combustíveis até alimentos, passando por remédios e produtos eletrônicos.


No caso dos combustíveis, por exemplo, a Petrobras utiliza a política de paridade internacional, o que significa que os preços dos combustíveis no Brasil acompanham os valores do petróleo em dólar no mercado internacional. Uma alta do dólar, portanto, reflete imediatamente no preço da gasolina e do diesel, encarecendo o transporte e, por consequência, o custo de praticamente tudo que é transportado no país, inclusive alimentos.


Além disso, muitos insumos agrícolas, como fertilizantes e sementes, são importados e pagos em dólar. O resultado é o aumento no custo da produção de alimentos. Mesmo que o Brasil seja um grande produtor de itens como carne, soja e café, esses produtos são exportados a preços competitivos no mercado internacional. Assim, a alta do dólar não apenas aumenta os custos de produção, mas também incentiva exportadores a venderem para fora do país, reduzindo a oferta no mercado interno e elevando os preços para os consumidores locais.


Enquanto classes mais altas conseguem amortecer os impactos da alta do dólar com reservas financeiras ou substituindo o consumo de certos produtos, os mais pobres têm pouca ou nenhuma margem para se adaptar. Isso acontece porque a maior parte da renda das famílias de baixa renda é comprometida com gastos essenciais, como alimentação, transporte e moradia. Quando o custo desses itens básicos sobe, o impacto é imediato.


O aumento no preço dos alimentos é talvez o aspecto mais visível. O arroz, o feijão, o óleo de cozinha e outros produtos que compõem a base da dieta brasileira se tornam mais caros, forçando muitas famílias a reduzirem a qualidade e a quantidade de suas refeições.


Além disso, o encarecimento dos combustíveis atinge diretamente o transporte público, aumentando tarifas de ônibus e metrô. Para quem depende desse meio de locomoção diariamente, isso significa gastar uma parcela maior de um orçamento já apertado. Mesmo que o transporte público não seja imediatamente impactado, o aumento nos custos logísticos dos produtos encarece o preço final de tudo o que é vendido no país.


Outro reflexo significativo é na área da saúde. Muitos medicamentos e equipamentos hospitalares dependem de componentes importados. A alta do dólar encarece esses itens, pressionando ainda mais um sistema de saúde pública que já enfrenta desafios financeiros e estruturais.


Para combater a inflação gerada pela alta do dólar, o Banco Central muitas vezes opta por aumentar a taxa básica de juros, a Selic. Embora essa medida tenha o objetivo de controlar os preços, ela tem efeitos colaterais, como o encarecimento do crédito. Financiamentos, empréstimos e até o parcelamento de compras se tornam menos acessíveis, restringindo ainda mais o consumo das famílias.


A alta dos juros também prejudica o pequeno empreendedor, que depende de crédito para manter ou expandir seu negócio. Isso pode levar ao fechamento de empresas e, consequentemente, à perda de empregos, criando um ciclo vicioso de empobrecimento e retração econômica.


Desse modo, a alta do dólar não é apenas um fenômeno econômico abstrato. Ela também impacta a vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais pobres. Quando os preços sobem e o poder de compra diminui, o fosso da desigualdade social se aprofunda.


*André Paris é associado do Instituto Líderes do Amanhã. 














PUBLICADAEMhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/economia/o-peso-do-dolar-no-bolso-do-povo-como-a-alta-da-moeda-impacta-os-mais-pobres/

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